ESCREVER É DIVINO!

ESCREVER É DIVINO!
BONS TEMPOS EM QUE A GENTE PODIA VOAR. ERA MUITO BOM SER PASSARINHO.

CAMINHOS DE UM POETA

CAMINHOS DE UM POETA
Como é bom, rejuvenescedor e incentivador para o poeta, poder olhar para trás e ver toda a sua caminhada literária, lembrar das dificuldades, dos incentivos e da falta deles, da solidão de ser poeta e do diferencial que é ser poeta. Olhar para trás e ver tudo que semeou, ver uma estrada florida de poesias, e dizer: VALEU A PENA! O poeta vai vivendo, ponteando, oscilando, e nem se dá conta da bela estrada que escreveu. Talvez ele não tenha tempo porque o horizonte o chama, e o seu norte é... escrever... escrever... escrever. Olho hoje para trás... não foi fácil, mas também ninguém disse que seria. E eu sabia que não seria, ser poeta não é fácil, embora seja lindo. Contemplo a estrada que eu fiz, e digo com orgulho quase narcisista: Puxa... como é linda minha estrada!

terça-feira, 29 de setembro de 2009

TRIÂNGULO AMOROSO


( imagem google)
Gosto quando a noite aos poucos me engole.
Gosto quando você ,deliciosamente traiçoeira
envolve-me, absolve-me de um dia ruim.
E assim, peço pra noite não ter fim.
Amanhã de manhã ela se vai,
mas o amor ficará,
esperando mais uma noite
que a natureza com toda certeza nos dará.
Na noite escura vejo você claramente
porque vejo com os olhos do amor somente .
Gosto tanto da noite que durante o dia
fecho os olhos pra ver você,
enquanto domino a ânsia de ter.
O escuro da noite não assusta,aconchega
a quietude só não é total porque você chega
sussurrando coisas ao ouvido,
fazendo de mim um menino crescido.
Eu,você e a noite...
combinação perfeita de amor.
A noite me ama,você me ama.
Eu amo as duas.
Fazemos um triângulo amoroso permitido.
A lua,testemunha muda sorriu.
As estrelas,os cometas...
todo o firmamento aplaudiu.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

A PRIMEIRA VEZ


(imagem- google / imagens.eiou.pt)
A primeira vez que vi o mar,
eu nem sabia nadar... mas entrei.
A primeira vez que amei,
eu nem sabia beijar... mas beijei.
Foi um mar de sensações
muito maior do que o mar que eu vi.
Perigoso, é verdade, mas tão atraente e charmoso.
Parecia que eu tinha medo das vibrações que senti.
Era como se meu coração fosse um barco muito leve
para as ondas da emoção.
É... o amor é assim.
A gente não sabe aonde vai dar.
É até gostoso navegar,
Só que às vezes temos medo de ir
sem saber voltar.
Outras vezes joguei meu barco no oceano.
Naveguei, naufraguei, naveguei novamente,
Pois, pior que o engano... é não tentar.
E como resistir ao charme do amor nos chamando a navegar?
Felizmente tudo na vida tem sua primeira vez um dia,
senão até hoje eu não saberia...
nadar, beijar, navegar.
Como é lindo o amor!
Como é lindo o mar!

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

BONITINHOS, MAS ORDINÁRIOS


( imagem google - cinema.com)
Quando a gente é adolescente ( aborrescente ), fica doido para fazer dezoito anos. Para ter algumas vantagens, como se houvessem só vantagens em ser adulto. Algumas das supostas vantagens são, chegar mais tarde em casa e ter acesso a lugares e filmes proibidos. Até os anos 80, 70% dos filmes brasileiros eram eróticos. Vez ou outra aparecia um “Lúcio Flávio, o passageiro da agonia”. “Quem matou Lúcio Flávio?”. “Pixote”. “Terra em transe”. Não tinha jeito, maioria esmagadora, era de eróticos. Nelson Rodrigues tinha presença muito forte no cinema nacional. E tem ainda. Soube falar de sexo e das vontades femininas como ninguém. Ainda bem, como ele mesmo dizia, que “toda unanimidade é burra”, então se fazia filmes com outros conteúdos também.
Meu amigo Marquinhos dizia que gostava de mim, porque tirando confusão, o resto eu topava tudo. Nem tudo, sabia de meus limites. Esse caso não foi com ele, foi com outro amigo... Luís. Era tapadão, parecia que tinha um certo desvio mental, mas gente boa que só ele. Grande coração, gostava de ajudar as pessoas. Fazia muitos bicos, nunca ficava sem dinheiro.
O filme em cartaz era: “Bonitinha, mas ordinária”. Com um título tão chamativo, ficamos doidos para ver, mas éramos menores. Eu tinha quase dezessete. Ele dezessete e pouco. Como íamos entrar? Aí entrou minha “criatividade”. Será?. Tive ideia de pegar lápis creon, não sei se nome está correto, nem se existe ainda, que minhas irmãs usavam para colorir as pálpebras. Para desenhar um bigode visando parecer mais velho. Fiz um bigodinho bem cínico, safado mesmo, tipo cantor de bolero. Luís faria em sua casa. Eu já tínha ralo bigodinho, era preciso só sombrear mais. Sabendo que ela era muito sonso, avisei. “Não vá dar ‘oreiada’ lá. Na porta do cinema, fique calado, fique atrás de mim.Deixe só eu falar. Tudo que eu falar, você concorda”. E fomos ver “a gostosa da Lucélia Santos”( ele falava assim). Andamos um bom pedaço sob chuva fina. Tudo era diversão. Chegamos , compramos os ingressos e fomos para a fila. Ficamos fazendo tipo, estufando o peito, tentando crescer, sérios. Quando chegou minha vez, o porteiro, negão forte, me olhou de cima pra baixo, no princípio sério, mas fui notando um certo sorriso querendo sair dele. Perguntou. “Quantos anos você tem?”. Quase sem ar de tanto estufar o peito, respondi. “Dezoito anos e dois meses”. “Hummmm....”, desconfiou. “E cadê os documentos?”. Despistando, enfiei a mãos nos bolsos procurando e levei a mão à testa. “Pôxa, você não imagina o que aconteceu. Cheguei agora do trabalho, tomei banho rápido pra não perder o filme, acabei deixando na outra calça. Mas pode acreditar. Eu tenho dezoito sim”. Olhou para Luís atrás de mim e perguntou. “E você... esqueceu os documentos também?”. O tonto respondeu exatamente assim. “Sim. Mesmo motivo dele. Tudo que ele falar aí eu concordo”. “Aiiiii... essa doeu”, pensei. O pessoal da fila já estava impaciente. “Ô anda logo aí, estamos na chuva”. O porteiro pensou um pouco, franziu a testa e acabou sendo camarada, irresponsável, mas camarada e disse baixinho, entre os dentes. “Vou quebrar o galho”. E rindo concluiu. “Entra logo que seu bigode está derretendo”. Enquanto recolhia as entradas, comentou para uma moça que estava atrás, rindo de tudo. “Essa molecada está cada vez mais sem vergonha”. “Com certeza....bonitinhos, mas ordinários”, completou a moça, inteligentemente, em trocadilho com o nome do filme.
Fomos direto ao banheiro lavar os bigodes. Foi aí que vi direito o rosto do meu amigo. Luís estava parecendo um vampiro, com aquele cabelo atrapalhado, molhado e a boca toda roxa, além de ter olhos esbugalhados. Não sabia se ria ou brigava.. “Caramba. Você foi usar logo lápis roxo?”. Sempre num jeito aéreo, simples e inconsequente de falar, abriu os braços. “Ora, era o que eu tinha, né? Estressa não, amigão. Importante é que nós entramos e vamos ver a gostosa da Lucélia Santos”. Falava de um jeito engraçado só para me fazer rir.
O filme Debbye&Lloyd, só saiu muito depois, mas se fosse na época, seríamos uma boa dupla para o filme. Meu amigo ganharia o Oscar.

OBS: Aproveitando, Jim Carrey é um artista sensacional. Gosto muito dele
//////

(amigos talvez nesse final de semana não os visite como eu gostaria e merecem, mas darei um jeitinho de passar rapidinho nos blogs. Como sabem estarei em Vitória. Acho que dou dar L.E.R, de tanto operar churrasqueira. Comentem `a vontade que eu gosto. Um abraço a todos e tenham um grande e poético final de semana

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

BEM QUERER


( imagem google)
Bem-me-quer, mal-me-quer.
Bem-me-quer...quero agora.
Mal-me-quer... jogo fora.
Quem de nós
quando criança nunca brincou
na esperança que ficasse
a pétala do bem querer?
Quem de nós ainda não brinca
mesmo depois de crescer?
E fica o mesmo temor...
torcendo para ficar a pétala do amor.

Fecho os olhos quando me diz:
-Bem te vi, bem te quis.
Bem me quer, bem me fez, me faz... bem feliz.
Bem me viu, bem me vê.
Fui feliz no jogo dessa vez.
Entre as pétalas do amor
eu escolhi você.

Madrugadas

Quantas vezes vaguei como pirilampo,como bêbado sem rumo.Como vagalume oscilante.Ainda vagueio, mas fiz da insônia minha melhor amiga.Extraí dela muitas poesias. O amor? Sei lá,de mim nunca saiu. Que pena que a cidade dorme e não pode ver que eu tenho muito a oferecer.

AMOR DE PRIMAVERA


(magem google)
Foi um tempo de primavera
que minh’alma ainda espera
quem sabe,um dia retornar,
mas,como na vida tudo é incerto
por ora, só cabe recordar.
Conheci uma flor tão bela
exalando só amor
e eu, passarinho errante,
apaixonado e apaixonante,
chamado beija-flor.
Sempre o sim
nunca o não pr’aquele amor.
Era incrível a paixão
do passarinho com a flor.
De manhãzinha, tardezinha
O passarinho e a florzinha.
Era tudo tão correto.
Era tudo tão completo.
Mas, nenhum tempo
e nenhuma estação são eternos.
Existem também os tais invernos
Que vêm gear sobre os amores
Sobre os campos e as flores.
Vez em quando volto lá,
mas bato asas pra bem longe,
pois ficou triste a manhãzinha
e vazia a tardezinha.
Naquela geada insensível
morreu também minha florzinha.
///////////////////////////////

Falando em primavera, hoje é aniversário de minha mãe,que faz 80 anos.Que belo dia para nascer,hein? Final de semana estarei em Vitória abraçando-a,vendo irmãos e irmãs... e outras pessoas.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

BLOGAGEM COLETIVA- UMA CARTA PARA MIM( EU SOU UM ÍDOLO)

Esse é um texto bem antigo. Por coincidência estive relendo,quando recebi convite da amiga Elaine para participar dessa blogagem coletiva. Obrigado,Elaine.
//////
Sou sim, um ídolo. Não um ídolo das canções ou da tv. Que fica no palco representando e que ao mesmo tempo está isolado dos fãs pela barreira instransponível, chamada fama. Não um ídolo moldado ou fabricado, como um boneco de barro, tão frágil que pode cair e quebrar. Sou sim, um ídolo, mas dos corações. Talvez seja a maior das minhas ambições nesta minha vida agitada: ver o mundo à minha volta sorrindo para mim. Por ter a imaginação fértil, cultivo no meu jardim, um desejo simples de ser feliz. E só o mundo me faz feliz. Por isso vou andar por aí, criando espaços à amizade. Isso que é imaginação fértil... o mundo à minha volta sorrindo para mim. Como um verdadeiro ídolo. Feito de um barro especial, que só se encontra no solo fértil dos corações. Puxa, como estou otimista hoje... pela terceira vez falei em fertilidade. Talvez, por isso eu seja um ídolo. Quem pode dizer que não? Quem pode negar que nesse mundão de meu Deus há alguém que se lembra de mim? Alguém que gosta de minha cabeça. Que aprova minhas idéias, que delira quando estou sorrindo e que fica triste quando me vê triste. Alguém me adora. Alguém me ama. Alguém é meu amigo. Alguém gosta da minha voz rouca, do meu cantar e meu cantar é uma estrada florida onde só se planta amizade. Uma estrada florida onde vivi de perfumes e espinhos. Cheguei a chorar as flores que morreram porque foram minhas mãos que plantaram e só eu sei o trabalho que deu. Um dia eu disse: Aqui jaz uma flor; pouca gente entendeu. Um dia um ídolo me disse que os ídolos nunca serão compreendidos, mas, isso não me faz um ídolo triste. Posso não ser um John Lennon, mas sou muito querido. Sou simplesmente Carlos... e daí? Aquele moleque, aquele poeta. Aquele irritado. Aquele humorado. Mas acima de tudo, um ídolo. Porque alguém gosta de mim. Alguém vai ler isso aqui e dizer: Você é o maior! Sou um ídolo que não se preocupa com beleza física ou status, por saber que estarei estampado sim, mas nas páginas dos corações. Lá sim, quero ser manchete. Esses corações. Essas terras ocultas e misteriosas que tento compreender e desbravar. E foi chegando perto deles que virei ídolo. Alguém reza por mim, torce por mim. Alguém prega o que eu prego. Alguém me põe nas costas se estou cansado. Alguém confia na minha amizade. Alguém acha bonito os anéis dos meus cabelos. Acha bonito meu olhar, mesmo quando está perdido num ponto qualquer, como pedindo uma explicação pra esse piscar de olhos que é a vida. Alguém entre os rostos da multidão vai ser o meu alguém. E eu adoro os “ alguéns” da vida, porque todo mundo veio pra ser alguém. E eu nasci pra ser ídolo. Entre os rostos da multidão vejo gente que me diz bom dia, que me sorri. Gente que ouve as coisas grandes que digo e que me perdoa quando digo besteiras também. Gente que me chama de amigo, ou irmão... ou de meu amor. Gente que sente saudades de mim. Às vezes sou ingrato quando reclamo solidão. Há gente que me convida ao instante confortável de um abraço. Gente que me faz ser gente. Que me faz ir pra frente. Pessoas que entendem a minha mentira, minha fantasia de sorrir. Todas as minhas utopias. Que me entendem por eu viver no mundo mágico da poesia que eu tiro do meu baú encantado, vulgo coração. Ainda bem, pois essa é a minha espada contra os dragões desse mundo de terror. Sem ela eu estaria enfraquecido. E foi essa espada que me fez virar ídolo, porque tem muita gente que se inspira quando estou inspirado. Mas, não quero ser um anjo, nem um líder dessa gente. Quero apenas ser um elo, entre os elos da corrente. São pessoas que me entenderam quando eu disse: Eu queria ser uma estrela. Por causa dessa gente a partir de agora, eu vou andar nos trilhos.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

EU ADORAVA FOFOCAS


( imagem google)
Uma vez, uma amiga de escola me disse. “Você gosta de escrever. Por que não cria um jornalzinho da escola? Com brincadeiras, curiosidades, fofocas. Essa escola está muito parada”. Pensei, pensei e perguntei. “Você me ajuda?”. “Claro”, e completou. “Na minha cidade a gente fazia, era super legal”. Levei a ideia para casa. No dia seguinte, ficamos escolhendo nomes, até chegarmos ao consenso e definirmos. “Fatos&Boatos”. E começamos. Ela dava cores ao mural, levava material como pincéis, fita adesiva, etc. O famoso toque feminino. E manipulava bem o mimeógrafo(caramba... mimeógrafo? Estou ficando velho), que a diretora permitia desde que levássemos tinta. A secretária também a ajudava. E não eram só impressos, colocávamos manuscritos também. Os próprios alunos também escreviam coisas . Além de poesias, colocávamos frases minhas, frases de gente famosa, receitas de bolo, temas folclóricos, informativos da própria escola, gozações de futebol, até passagem da Bíblia conforme o feriado. Sem dúvida, a melhor parte era a das fofocas. “Fulano está flertando com fulana”. “Soninha ... volta pro Márcio. Coitado. O cara está mal”. Acabaram voltando. Márcio, que era meu amigão, no princípio não gostou muito, mas depois agradeceu meu papel de cupido. “Ei, Rodrigo. Moto nova. Está ganhando bem, hein?”. “Dia tal é aniversário da Júlia”. Por aí. Um dia coloquei uma só para teste de consciência. “Olá, Sílvia. Eu vi você ontem, hein?”. Ela chegou para mim toda assustada e curiosa. “Onde você me viu?”. Ri demais. “Vi nada não, bobona. É só um teste para saber se você anda aprontando alguma. E pelo jeito está, né? Olha o peso na consciência. Toma juízo, menina”. Me deu um tapa nas costas que está doendo até hoje. “Ah, Carlos. Assim você me mata do coração. Dando susto na gente”. Ela era a doidinha da escola, gente fina demais. Eu me divertia de longe, vendo as pessoas lerem o mural no pátio. Ninguém brigava comigo, eram fofoquinhas bem humoradas e eu tinha um acesso muito bom entre a rapaziada. Só um rapaz não gostava de mim. Eu até tentava me aproximar, ele não permitia. Acabou isolado, as meninas gostavam de mim. Eu parecia um Don Juan rodeado de mulheres. Só que eram amigas. Brincava com elas. “Estou parecendo uma ilha. Cercado de mulheres por todos os lados”. “Deixa de ser convencido, Carlos”, dizia uma. E eu dava o troco. “Convencido não. Convicto. Vocês me amam”. Eu ganhava tanto beijo no rosto. Ah, eu gostava. Quem não gosta de um afago? Numa dessas fofocas, um dia alguém colocou uma sobre mim. “E esse poeta cego que não enxerga que tem alguém afim dele?”. Quem escreveu isso, talvez ela mesma, se referia à Silvana, a mesma que deu a ideia do jornalzinho. Diziam que era afim de mim. Eu não queria saber de namorar. Fingia que não notava, embora fosse quase impossível, pois estava sempre com a mão no meu ombro e conversava com a boca muito perto da minha. Talvez eu fosse um gato... rs rs... mas um gato escaldado. Tinha acabado de sair bastante arranhado de uma relação e resolvi preencher meu tempo com várias coisas, menos namoro. Talvez tenha sido um erro. Cachorro mordido de cobra, tem medo até de linguiça. Talvez por isso eu tenha trancado meu coração e guardado a chave bem escondidinha para só reabrir anos depois. Além do mais, já planejava sair da cidade. Não posso jurar amor, se não vou dar. Pratico com sinceridade, “ não faças aos outros o que não queres que te façam”. Sentimento é coisa séria. Às vezes ficam marcas profundas quase irreversíveis.
Enfim o jornalzinho foi perdendo a força. Eu fazia tudo praticamente sozinho, era quase tudo datilografado. Além de ter que passar pelo crivo da diretora, que era boazinha, mas precisava censurar. Falava de temas polêmicos, como aids, voto de analfabeto, racismo, reforma agrária, política. “Carlos. Essa é uma escola estadual, mantida pelo governo e certas coisas não se falam”. Eu tinha que correr, mudar os textos, nem sempre dava conta e não pregava no mural. Eu até entendia o lado dela, mas aquilo foi me enchendo e fui parando. Mas foi divertido enquanto durou. Eu era mesmo uma ilha... rodeado de amigos. Quando precisei daquela turma, eles estavam do meu lado.
Vejo alguns de vez em quando. Silvana não vi mais. Deve ter se casado bem. Era muito bonita e talentosa. Num de nossos últimos diálogos, numa mesa, disse à ela. “Você merece um cara bem bacana”. Me olhando de lado,, respondeu. “É muito mais fácil quando o cara bacana está ao lado”. Num quase sorriso e com muito cuidado, falei. “No momento não estou muito bacana. Você merece um mais bacana ainda”.
Contrariando o título, detesto fofocas, mas aquelas eram legais.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

OLHOS DA SIMPLICIDADE


( imagem google - 2bp.blogspot.com)
Com uma simples vela acesa
eu derroto sua escuridão.
E não adianta me trancar em labirintos e segredos, porque gosto deles,
exercitam minha mente, a mesmice me corrói.
Não trato medos e mistérios como assuntos sérios.
Dou risadas quando dói.
Cada vez que alguém me impôs limites, gostei;
fiquei sabendo do que sou capaz.
No que imaginava, fui muito mais além.
Que importa se o sol vai embora?
É tão lindo o horizonte de um sol poente.
Amo a lua também.
Deito e amanheço naturalmente.
Amo todas as coisas...
que se movem, que falam, que exalam.
Amo até as pedras,
sejam as rochas duras da natureza,
ou mesmo pessoas que se vestem de pedras,
nos privando de sua beleza.
Eu tenho o olho que tudo vê... o olho da simplicidade
A sua escuridão não vence minha clareza
Com um simples sorriso ultrapasso suas barreiras...
do som, da luz... e da sua dureza.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Tô COM RAIVA...

...meu playlist simplesmente desapareceu e meu blog tá sem música. E eu não estou sabendo mexer com essa ... com esse... " trem"

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

MEU PRIMEIRO EMPREGO


Meu primeiro emprego.Tempos difíceis, mas com alguma dose de humor. As coisas aconteciam e até hoje acontecem comigo assim: num misto de dificuldade e humor. Acho que eu fiz ser assim para abrandar as situações, sempre tirando um pouco de bom, de cada momento. Sendo assim prefiro levar as boas lembranças. É a minha peneira.
Talvez com catorze ou quinze anos, minha irmã veio avisando que me arrumou um emprego num barzinho de um chinês. Aceitei, estava precisando. Me senti peixe fora d’água naquele ambiente hostil, servindo cerveja e cachaça àqueles homens jogando sinuca, discutindo, todos falando alto ao mesmo tempo, bafos de onça, fumaça de cigarro, músicas de mau gosto, enfim nada que combine com um garoto Hoje a lei não permite mais. Pior: O chinês falava muito mal o português. Acabava se irritando com a gente, como se a gente tivesse culpa. Digo “ a gente”, porque meu amigo Jairinho já trabalhava lá há um ano e já tinhas as manhas com ele. E logo no primeiro dia, já imaginei que não daria certo, não me passava simpatia. Fui aguentando, sempre com medo dele. Pão duro que só ele. Não podíamos comer uma coxinha sequer. Quando precisava se ausentar contava os salgados. Num dia, Jairinho foi pagar contas para ele. Eu tinha arrepio de ficar sozinho com ele por causa da dificuldade de comunicação. Chegou para mim e disse com dinheiro na mão: “Comprar ‘farango’. Vai comprar ‘farango’. Anda, moleque.”. Não entendi nada, ainda mais com tanto barulho no bar. “O que é farango? Onde vende isso?”. Depois de muito insistir, ficou nervoso, com sotaque todo errado.”Menino burra. Deixa eu mesma compra ‘farango’. Burra, burra”. E saiu. Voltou daí uns 20 minutos com um pacote de papel pardo e já foi me dispensando. “Pode ir comer. Eu fica sozinho”. Quando voltei do almoço, Jairinho já estava lá. Falei. “Vou ficar aqui não, Jairinho. Esse ‘véio’ só fica me xingando e eu não gosto que me xinguem. Eu não sei responder e fico mal por isso”. Tentando me acalmar, falou. “Calma, rapaz. Tolera mais. Você precisa”. “Ah, preciso, mas não é assim também não”, retruquei. “Mas o que houve de tão grave hoje?”, perguntou. Contei o caso do ‘farango’ e Jairinho quase rolou de rir. “Era frango, Carlos. Ele não consegue falar ‘fr’ juntos”. Ficou rindo mais um tempo enquanto lavávamos os copos e limpávamos as mesas.
Por coincidência, minha irmã acabou indo lá e perguntou como eu estava me saindo, no que ele respondeu. “Não presta muito. Não entende nada”. Coitada, preocupada como sempre, pediu. “O senhor tenha paciência com ele. É muito novinho, tímido. Vai acabar acertando, questão de tempo”.
Passam mais uns dias e vem ele de novo. “Vai comprar ‘tirigo’. Não demorar”. Aí não teve erro. Falei alto. “TRIGO! ”. Ele riu gostando de eu ter deduzido rápido. “Oh, até que enfim, né. Tá melhorando um pouco”. Mas não deixei por menos. Apontei o dedo para ele e falei. “Repete comigo. TRI-GO. TRI-GO”. E ele. ‘TI –RI-GO’. ‘TI-RI-GO’. Desisti, não tinha jeito. E não tinha mesmo jeito. Quando tudo parecia caminhar em paz, o dia fatídico. Como tinha mania de chegar calado, tentando nos surpreender, não o vi entrar, pois estava de costas pegando uma cerveja. Quando levantei a tampa do congelador, espalharam tantas asas de ‘farango’ pelo chão. Ele havia colocado e eu não vi. A bacia foi parar na rua. Ele desesperado, catando tudo, limpando com a mão e gritando. “Meu ‘farango’. ‘Meu farango’. Ai, meu Deus. Ai, meu Deus”. E a peãozada dando gargalhadas. Nem esperei, eu mesmo fui embora. Aquilo não servia para mim. Dias depois, Jairinho foi à minha casa. “O China está perguntando se você não vai buscar seu dinheiro”. Respondi. “Diga a ele que não preciso do dinheiro dele”. Mas ele foi honesto. Mandou o dinheiro para mim no dia seguinte.
Mais de vinte anos depois, passeando na cidade, encontrei Jairinho numa feliz coincidência. Fomos tomar cerveja adivinhem em que bar? No mesmo. Agora já remodelado, reformado, umas tvs para se ver jogos, paredes pintadas de verde limão bem clarinho, não tem mais a sinuca. Perguntei ao Jairinho se tinham aumentado. Ele disse que não, era o mesmo espaço. Quando criança, parecia maior. É que criança vê tudo grande. Atrás do balcão um chinesinho simpático, de uns vinte anos. Fui saber, neto dele. O avô morrera há alguns anos. Não deixei de fazer uma piada. “Me dá uma cerveja e duas asas de farango”. O rapaz me olhou com estranheza., não entendendo nada. Jairinho que já o conhecia, contou o caso do ‘farango e do tirigo’ para ele e demos boas risadas. Jairinho não me deixou pagar nada. Disse. “Encontrar meu amigo de primeiro emprego não tem preço”.

EU PARTICIPEI


Obrigado, Sandra. beijos

sábado, 12 de setembro de 2009

MULHER ESTRELA

Mulher! Como entendê-la?
Parece estrela... parece tão próxima
e quando penso que vou tocar...
está distante... errante.
Sonha com carinho, quer um céu só pra ela
e quando ganha o infinito... cadê ela?
Debruço-me na janela olhando a imensa escuridão,
mas o que assusta mais é a indiferença
que assola meu coração.
Mulher!
Como entendê-la? Como tê-la?
Duvida de quê,
se ergo os olhos ao céu só para lhe ver?
Se os queixumes, os ciúmes
e até meu perfume são para você?
Volte, mulher estrela!
Não vá brilhar em outro lugar,
Guardei um céu só para você
e insiste em não ficar.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O BLOG É UM DIÁRIO?

Republicando para participar da blogagem coletiva convocada pela amiga Sandra( curiosa).Com prazer
////
Sim. O blog é um diário... com algumas diferenças. Quando eu tinha uns quinze anos eu quis fazer um diário. Como as meninas faziam.Nunca gostei dessa separação. Coisade homem, coisa de mulher. As pessoas ouvem as coisas nas ruas e saem repetindo sem ao menos saber se tem fundamento. Preferem isso a ter opinião própria e assim qualquer meia verdade, vira verdade inteira. Se a televisão falar então. Reclamam liberdade, mas a principal que é pensar, abrem mão. Evidentemente tem os extremos. Tem coisa que é só de homem e coisa que é só de mulher. Sobre o diário, até comecei, mas depois parei por alguns motivos. Eu tinha que deixar escondidinho debaixo do meu colchão para ninguém ver. Pensei até em fazer um pequeno baú para guardar as poesias e meu amigo diário. Morria de medo e de vergonha das pessoas saberem o que pensava, o que vivia, se eu chorava ou o que sonhava. Um dia minha amiga primeira grande amiga, Fátima, ficou encantada quando olhando para o pátio do aeroporto, mostrei a ela o por-do-sol e falei: “Veja que quadro lindo, quem pintou foi Deus. Quem pode imitar?”. E ela: “Só você, né Carlos.? A gente trabalhando adoidado, no sufoco e você mostrando por-do-sol”. Eu era utópico demais. Mas nunca fui triste.
Então pensei: “Se não é para ninguém ler, não tem sentido eu escrever”. Era engraçado porque no fundo acho que eu torcia sim um pouco para que alguém visse, só que a timidez era maior, então parei mesmo. A timidez me podou muitas coisas. Mas já melhorei isso.
O tempo voou e um dia bateu à nossa porta essa maravilha que é a internet. Acho sim a internet uma maravilha. Como toda ferramenta, só é preciso saber usar.Quantas pessoas boas conheci, embora não as tenha visto. Falo especificamente do blog. Hoje tenho um diário eletrônico chamado blog e é essa a diferença que falei no início: não preciso nem quero esconder. Perdi o medo e a vergonha? O Carlos mudou ou as circunstâncias mudaram? As duas coisas. Hoje, como os amigos blogueiros venho aqui e conto coisas de minha vida. Casos de infância. Casos engraçados. Falei das musas, das damas e prostitutas. Falei de Deus. Falei do mal que nos assola nas esquinas e infelizmente está muito mais nas ruas que o bem. Está porque deixamos. Enfim é minha vida contada num diário eletrônico... e ainda tenho muito a contar. Vou até citar uma música antiga do Ednardo. “me poupe do vexame de morrer tão moço, muita coisa ainda quero olhar”. Gosto muito de meu blog e o trato com carinho, mesmo não sendo um expert. Algumas pessoas diziam: “Você devia ter um blog, pois tem um material interessante”. Luciene, uma amiga professora, me disse: “Quando você começar não vai mais parar”. Ela acertou. E leio muitas coisas boas também, de gente simpática, estilos diferentes, mas estão ali, deixando suas impressões, suas pressões e suas expressões. Gente do Brasil todo e até de fora no meu mapinha. Fico feliz de verdade. E eu, bobo que sou, fico imaginando os rostos das pessoas dos blogs nas cadeiras, lendo e escrevendo. Infelizmente tem uns que não respondem, tem uns ( homens) que só respondem às mulheres, o que me deixa um pouco chateado. Devem ter suas razões. Mas como diz meu amigo ZÉ SOARES: “Se você dá seu carinho e seu amor a uma pessoa e essa pessoa não quer, é ela quem está perdendo, não você”. ZÉ SOARES, é um filósofo e não sabe. Eu chamo de SUPER ZÉ. Por isso eu digo que poesia, filosofia e consciência está muito mais dentro da gente que nas faculdades. Voltando ao blog, é o encontro de dois universos muito ricos: a poesia e a internet. Só não gosto muito da expressão “ virtual”. Tudo bem que é um termo eletrônico, mas “ virtual, pressupõe algo pálido, desprovido de verdade. Algo que é mas não é. Irreal. Então as emoções que sinto lendo textos e poemas na internet, são de mentira? E as emoções que passo também? Não... são de verdade, porque recebo comentários dizendo que gostaram. Se gostaram é porque teve emoção. Se teve emoção não é virtual, é real. Vou citar alguns, não cometendo injustiça com outros que por ventura talvez não cite, para mim todos são iguais. Não sou um astronauta, mas posso ver um “mundo azul”. “Bem pra lá da bruma” encontro uma poesia diferente e “um mágico olhar”.A poesia se renova no jovem J.Blanca. Contemplo “eucaliptos na janela”. Netuno, além do mar, domina as telas. Salamandra, a misteriosa, dá belos toques de luz. Mariana, incendeia tudo com seu blog quente. Põe quente nisso. O meu...? Ah, meu blog é só um diário. Um diário aberto, mais feliz, porque agora não preciso mais esconder debaixo do meu colchão as coisas que sinto. O Carlos mudou... para melhor.
Obrigado, AMIGO DIÁRIO.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

DIAS DE NARCISO


( imagem google)
“Carlos, sai da frente desse espelho”. “Ele fica mais no espelho do banheiro do que nós, mulheres”. “Devia ter um banheiro só para ele”. Eram minhas irmãs dando bronca e eu levava na boa, brincando. “Espelho meu. Nesse reino encantado chamado planeta Terra, existe alguém mais lindo do que eu?”. Eu mesmo mudava a voz como se fosse o espelho respondendo. “Não, mestre. Em todo o planeta, és o mais lindo dos lindos”. Elas sempre riam. Brigavam, mas não brigavam muito não. Sempre uma dizia. “Esse é um narcisista sem conserto”.
Mas muito mais que arrumando o cabelo, eu estava conversando com o espelho. Nele eu me aconselhava, me cobrava atitudes, brigava comigo. Frente ao espelho eu me dizia coisas de autoestima. “Você é muito importante”. “Não há tempo para lamentações, nem de euforia. Novas batalhas batem à porta”. “ Nunca chore na frente do inimigo, só na frente dos amigos”. “Edificar homens, não monumentos. Assim terá ombros para encostar a cabeça e não paredes”. Frente ao espelho aprendi a praticar o narcisismo do bem. A exaltação do EU, sem ser egoísta. Aprendi a praticar “EU SOU”. “EU SEI”. “EU VOU”. “EU POSSO”. Aprendi que cada um sendo forte, o conjunto é mais forte. Que elos separados, são apenas elos separados, sem utilidade, mas elos unidos formam uma corrente.Aprendi a ser humilde, não humilhado. Tudo isso com o domínio desse EU.
O tempo passa e os caminhos das pessoas vão se definindo, se resolvendo e um dia me vi sozinho em quartos de pensão. Sinceramente, acho que não estava preparado para tal. Um gigante com instantes de menino... ou um menino com instantes de gigante? Acho que a segunda opção. Era como se tivesse perdido o cordão umbilical pela segunda vez , porque se eu era uma espécie de líder para aquela gente, eu também precisava deles. Era uma coisa recíproca e acho que não sabiam. Talvez porque eu passava uma imagem de forte para eles. Tinha que ser. E nesse quarto de pensão, frente a um espelho tão pequeno onde via praticamente apenas meus olhos, desejei ouvir alguém dizendo. “Carlos, larga esse espelho”. E dessa vez eu estava mesmo apenas arrumando o cabelo. Não havia ninguém ali pra eu brincar de Narciso. Senti um pouco de saudade e solidão. Mentalizei todos juntos, como era no passado recente, pensando. “Que bom que os caminhos deles estejam resolvidos”. Felizmente tenho uma mágica de estalar os dedos, mudo de instante rapidinho, e não me permiti ficar triste. Dei uma última olhada no espelho e disse. “Agora é a sua vez”. E fui trabalhar feliz. Feliz numa sensação de dever cumprido. No dia seguinte, minha irmã ligou para meu trabalho. “Sonhei com você ontem..Você estava tão bonito na frente do espelho”. Brinquei. “Ora, você me ligou apenas para dizer o que eu já sei? Que sou bonito?”. Ela riu. “Ah, não mudou nada. Agora fiquei aliviada. Se está brincando, é porque está bem. Porque fiquei preocupada com você. Você é minha referência”. Mais uma vez tive que parecer forte.
E assim as coisas foram caindo no meu colo até mesmo sem eu pedir. Alguns sonhos guardados foram acontecendo, numa velocidade incrível, como se fosse uma espécie de justiça da vida. Comentei com um senhor mais velho do trabalho e ele sabiamente me disse. “Seu caminho não começou agora. Ele já estava sendo traçado no instante em que deixou a si mesmo de lado e cuidou de quem precisava de você. Sua irmã não ligou à toa. Quando a gente é referência, é referência a vida toda”. Foi um alento para mim. Continuo praticando a terapia do EU. Foi assim que consegui ver meu caminho também resolvido, embora saiba que não há mesmo tempo para comemorações e novas batalhas batem à porta, mas tirei um tempinho para visitar o espelho hoje. “Como você é forte!”.

O ESPELHO
Olhar o feio ao redor é triste.
Mais feio e pior é não ver que existe
além do feio que insiste em poluir seu olhar
é o que seu coração sonha almejar.
Então sua primavera já ficou incolor?
Nunca soube que abaixar a cabeça ou chorar no quarto
só aumenta a dor?
Se você grita e o mundo não escuta
vá ao microfone, ao trombone,
perdedor é quem foge à luta.
Se seus olhos vêem o universo,
mas o universo não vê seus olhos,
isso não é tão mal
ensaie mais um verso
você até pode não mudar o mundo,
mas pode deixar sua impressão digital.
Viaje no espelho de Alice
onde tudo é multicor.
Se orgulhe, mergulhe,
o lago de Narciso tem mais amor.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

SOBRE HERÓIS E TRAIDORES


( IMAGEM google)
Já repararam que todos os heróis que sucumbiram foram traídos? Vou lembrar alguns: Che Guevara, Lampião, Tiradentes e o maior de todos, Jesus Cristo. E reparem ainda que o traidor é sempre alguém que deve impostos ao governo. O poder é inteligente e se utiliza disso, oferece troca de favores como perdão de dívida, por exemplo. O poder tem tudo nas mãos. No caso específico de Judas, até há alguma controvérsia. Alguns historiadores, pesquisadores e até mesmo algumas variações dissidentes da igreja, afirmam que Judas não queria ganhar o nome de traidor, que ele na verdade, contra sua vontade teria sido escolhido para ser o tal, para dar seguimento ao projeto de Deus. Até podemos considerar, se lermos a última ceia com atenção. “Um de vocês vai me trair”. Estaria o Messias antevendo ou determinando? Judas pergunta. “Por acaso sou eu, Mestre?”. E Jesus responde. “Você já o disse”. Numa outra cena, Jesus olha para Judas e fala. “Vá e faça sua parte”. Bem, isso é especulação, interessante, mas ainda é especulação e pelo jeito vai morrer assim. Mas as trinta moedas (era isso que valia a amizade de Judas), não lhe valeram nada, pois arrependido e louco, pendurou- se numa forca. Pior que escolheu o beijo, expressão máxima do amor, para ser o símbolo do traidor.
Da mesma forma, Silvério dos Reis, traidor de Tiradentes (maior e mais verdadeiro herói da história brasileira), morreu na mesma, endividado. O dinheiro não lhe valeu nada. Tinha um professor de história, chamado Luís, que tinha um jeito próprio de contar a história do Brasil e dizia: “Infelizmente eu sou um mentiroso, mas um mentiroso oficial. Tenho que contar aqui a história dos livros, enquanto minha vontade era de falar a verdadeira história desse país. Falar das mortes misteriosas de presidentes, renúncia, golpe militar. Falar da verdadeira história da independência do Brasil”. Mas acabava falando, destilava seu veneno. Dizia ainda. “Todo traidor e puxa-saco são safados. Tomem cuidado com puxa-saco”. Tínhamos boa afinidade e às vezes me dava liberdade de interromper a aula e dar minha opinião. Eu falava uns quinze minutos. Tentou até me levar para a política. Eu brinquei com ele. “Sai fora, professor. Você me diz que para cada herói tem um traidor e quer me meter nessa?”.
Mas eu falei tudo isso só para fazer uma indagação. Tiradentes disse uma linda e marcante frase, própria dos grandes homens: “ SE DEZ VIDAS EU TIVESSE, DEZ VIDAS EU DARIA”. Minha indagação é: Tiradentes repetiria essa frase nos dias de hoje, vendo o que estão fazendo no Congresso e no Senado? Vendo que seu povo não evoluiu muito em quinhentos e poucos anos? Essa é pior traição, traição contra um povo.
E além da pergunta, uma triste constatação: no mundo não há mais espaço para Tiradente’s ou Guevaras... mas para Judas sim. Porque o poder sempre deixa alguém lhe devendo para ter sempre um traidor à sua disposição. Na linguagem atual isso se chama rabo preso.
Um brinde ao 7 de setembro. Independência do Brasil.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

UM NOVO DIA

Quando meu coração virar noite
vou buscar no fim do túnel a luz de um olhar,
perdi você...mas não a capacidade de amar .
E se o ocaso vier impiedoso, teimoso
não vou chorar, nem lembrar
buscarei descanso pro meu peito,
pra minha cabeça
antes que desapareça meu direito de sonhar .
Mas se a aurora chegar deslumbrante
e trouxer noutro instante um lindo arrebol
certamente é um novo sol pro meu olhar.
Perdi você...mas não a capacidade de amar.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

QUEM ÉS TU?


( Imagem google)
Hoje vou brincar um pouco com a sensualidade do Conde Drácula. Sim, eu tinha pavor dos filmes, mas o achava bastante sensual
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Quem és tu?
Vens de onde?
Onde te escondes quando é dia
que nem vais à rua?
Vives sob o signo da lua.
Quanto mais escura a noite, melhor
para teu sorriso sedutor
que mistura sedução e pavor.
Tua capa preta espreita nas esquinas
e antes que a presa se arme
teu charme domina, fascina, seduz.
Diz a lei da natureza
que todo forte tem uma fraqueza
e teu olhar que só deseja o vermelho
teme a luz, o espelho, a cruz.
Mas se teus lábios tocam a jugular
enquanto o sol não acontece
cada pescoço terá uma mácula
E tua tumba se enriquece.
Tu és... CONDE DRÁCULA.