ESCREVER É DIVINO!

ESCREVER É DIVINO!
BONS TEMPOS EM QUE A GENTE PODIA VOAR. ERA MUITO BOM SER PASSARINHO.

CAMINHOS DE UM POETA

CAMINHOS DE UM POETA
Como é bom, rejuvenescedor e incentivador para o poeta, poder olhar para trás e ver toda a sua caminhada literária, lembrar das dificuldades, dos incentivos e da falta deles, da solidão de ser poeta e do diferencial que é ser poeta. Olhar para trás e ver tudo que semeou, ver uma estrada florida de poesias, e dizer: VALEU A PENA! O poeta vai vivendo, ponteando, oscilando, e nem se dá conta da bela estrada que escreveu. Talvez ele não tenha tempo porque o horizonte o chama, e o seu norte é... escrever... escrever... escrever. Olho hoje para trás... não foi fácil, mas também ninguém disse que seria. E eu sabia que não seria, ser poeta não é fácil, embora seja lindo. Contemplo a estrada que eu fiz, e digo com orgulho quase narcisista: Puxa... como é linda minha estrada!

quarta-feira, 31 de março de 2010

NUNCA NEGUE O AMOR


Se alguém lhe perguntar se ama, nunca negue.
Deixe que esse alguém carregue consigo a certeza de um amor sem perigo.
Se alguém lhe falar de amor não fique mudo, grite, excite.
E se todos estiverem surdos,use o microfone, o trombone,
mas nunca negue o amor;
espinhos e perfume fazem parte da mesma flor.
O amor não quer timidez, quer altivez.
Nem precisa ter lucidez, sensatez
pode ser meio louco,
mas jamais faça pouco daquilo que é sublime.
Matar sentimentos é quase um crime.
Há que se merecer o amor. Há que se brindar o amor.
Há que se cantar em tom maior
Há que se declarar... estampar.
O amor merece um outdoor.
Nunca negue o amor. Seria o mesmo que negar a própria existência
O amor não pede coerência, apenas essência,
solidão é bem pior.
O amor não tem peso, nem medida
Ele é o que é porque É... transparência
E isso basta para ser a melhor coisa da vida
Se ele bate à porta, ele quer entrar, se alojar
porém só fica naquele que se oferece.
Nunca neguei o amor
porque é ele que me rejuvenesce....
e dele quero ser merecedor

terça-feira, 30 de março de 2010

A PONTE DO NOSSO AMOR


( imagem catialopes.files.wordpress.com )
Primeiro a sintonia.
Numa hora qualquer de qualquer dia,
quando os olhares batem, não tem mais jeito,
a emoção se aloja no peito.
Depois vem o querer...
ponte entre o sonho e o fazer.
A mola que impulsiona você para mim
e eu para você.
E tudo em nós diz “sim”.
Depois o vinho, o calor.
Pode ser até champanhe
desde que você me acompanhe
até o auge dessa escalada.
Ah, mas também tem a dor.
Que dor que nada;
Quando começa a disparada
pode até ter gemidos,
mas são gemidos de amor.

segunda-feira, 29 de março de 2010

POESILÂNDIA


imagem colunas.globoesporte.com )
Já disse que gosto do Pateta, mas gosto muito também do Mickey. O Mickey é um investigador, um detetive famoso, desvenda grandes mistérios, um intelectual, e seu amigo é nada mais que o Pateta: simples, bobão, trapalhão. E mais, ele compreende o Pateta. Isso é que é conviver com as diferenças. Quando se fala de diferença, a gente só pensa em sexo e cor, que também são importantes, mas existem outras tantas pra gente poder assimilar. Por isso eu gosto do Mickey; ele é exatamente o inverso do Pateta e está sempre com ele. Só que esse não é exatamente o assunto de hoje, só quis registrar minha admiração pelo rato famoso. Um dia li uma estorinha dele assim. Mickey trabalhava em casa, datilografando, quando de repente as teclas da máquina começaram a se mexer sozinhas. Depois do susto inicial, corajoso que é, ficou observando que as teclas que se mexiam era sempre as mesmas e sempre na mesma sequência. Resolveu copiar o que elas diziam e era um pedido de socorro em código Morse. “SOS. Sou viajante espacial, minha nave caiu em seu planeta. Preciso de sua ajuda. Estou nas seguintes coordenadas geográficas......”. O sempre pronto Mickey correu ao local e lá avistou uma nave destroçada e um simpático et’zinho do lado de fora. “Olá, amigo. Vim de um planeta distante 300 milhões de anos-luz, minha nave deu pane. Preciso de sua ajuda para localizar o ‘ Portal da Universo’, pois só de lá consigo enviar mensagem ao meu planeta para que meus amigos me resgatem. Eis as coordenadas geográficas e o nome do lugar é Tihuanacan”. Esse nome é fictício, mas é claro que o autor se referiu a Tenochtitlán, que fica centro da capital do México e que os astecas consideravam ser o centro do universo. Consideravam também ser o quinto ponto cardeal, daí a explicação da forma das pirâmides. E assim a história da civilização é muito associada a esses povos antigos. Mickey pegou um helicóptero e levou o amiguinho do espaço ao local indicado pelas coordenadas. Lá, ele apontando seu aparelhinho para o Portal ,enviou sua mensagem. “Pronto. Em minutos meus amigos estarão aqui”. Não demorou e a nave resgate chegou. Juntou os destroços para não deixar vestígios de sua queda. Mickey não se conteve e começou a fazer perguntas sobre a existência humana, o porquê de tantas guerras, tantas doenças, inveja, egoísmo, crises existenciais, a origem de tudo e muitos outros porquês e ‘pra quês’. O amigo espacial interrompeu. “Não, amigo. Não me faça essas perguntas. Infelizmente seu povo ainda não está preparado para algumas respostas. Ou talvez ainda não as mereça”. Agradeceu, entrou na nave e foi embora. Dias depois, estava de novo Mickey trabalhando, só que agora em alta madrugada. As teclas começaram a se mexer de novo. Nem se assustou mais, sabia que era de novo seu amiguinho do espaço, talvez para dar um “olá”. A mensagem era assim. “Olá, amigo. Tudo bem na viagem de volta ao meu planeta. Obrigado por tudo. Quem sabe, eu volto aí um dia pra lhe dar as suas respostas?”. Um facho de luz entrou pela janela. Mickey correu até lá e viu uma estrela mais intensa que as demais, se afastando. O facho vinha dela. Respondeu mentalmente com olhos sonhadores. “Quem sabe um dia amigo, quem sabe”. Li essa estorinha há uns trinta anos e jamais esqueci o que fiz na época. Toda semana comprava o gibi do Mickey para ver se a estorinha tinha segunda parte, a parte das respostas. Como criança, não imaginava que o autor jamais terminaria a estorinha. Ele, inteligentemente apenas deixou a reflexão para cada um. A estorinha terminou com gostinho de quero mais. Quase frustrante para mim. Só não foi, porque era um gostinho bom de quero mais. O gostinho da possibilidade de um dia se ter a resposta para tudo. Desde então, cada vez que vejo uma estrela brilhando mais forte que as outras, fico pensando. ‘Será que é o amiguinho do Mickey chegando para trazer as respostas?’. Ou. ‘Quem sabe eu também tenho um amigo no espaço?’. O problema é que o Mickey mora na Disneylândia e eu moro na Poesilândia, duas ilhas da fantasia. E talvez por isso a resposta nunca venha. Enquanto isso vou vivendo com gostinho de quero mais.

sexta-feira, 26 de março de 2010

COMO ESTARÁ JESUS AGORA?


( imagem mensageirosdoamor.com )
Olá, amigos. Saudades de todos, de coração. Li todas as 22 mensagens de boa viagem e agradeço muito. Digamos que é uma viagem unindo o útil ao agradável. Não vou poder visitar os amigos ainda. Vejam só, numa lan, ainda não comprei um "NOTEBÓOUE ", como diz um simplório de GV. Entao está meio apertado aqui. Fiz esse pequeno texto olhando as estrelas de dentro do ônibus, GV/RJ. Aproveitando,como diz a velha música, "O Rio de Janeiro continua lindo". Mas no RJ, a primeira parte da viagem(útil) foi só a trabalho. Um abração a todos. Fiquem com Deus!
/////
Como digo sempre, alguns assuntos a gente quer fugir, mas não consegue.
Disse, Jesus: “Vinde a mim as criancinhas”. Mas não assim, jogadas pela janela. Evidente que Jesus não quer que as crianças morram, mas as que morrem com certeza vão ao seu encontro. Foi assim que ouvi quando pequeno. Que criancinha que morre vira anjo, porque morreu sem conhecer a maldade. E aquelas que morrem por vítima da maldade? Viram mais anjos ainda, creio eu. Quando Jesus disse essa frase, Ele estava na terra e os discípulos pensando que as crianças perturbariam o mestre, tentaram impedi-las. Ele ainda completou. “Ai daquele que machucar um desses meus pequeninos”. Reparem no apreço de Jesus pelas crianças, usando o termo ‘meus pequeninos’. Agora eu pergunto: Como estará Jesus agora? Já sei. Está preparando o seu julgamento, onde ele é o JUIZ. Nesse julgamento nem precisa de testemunhas, pois Ele, vê tudo. Ele sabe quem foi, como foi, que horas e por quê foi. E nesse julgamento não há relaxamentos de boa conduta, ou réu primário. Nesse julgamento não pesa classe social, não cai no esquecimento. Não precisa nem promotor, nem advogado de defesa. Matar, para Deus é crime inafiançável. Imagina matar uma criança.
Fiz esse pequeno texto não só pelo caso em destaque na tv, mas sim porque tem criança demais nesse Brasil sendo mutilada, tendo infância roubada, às vezes até por pessoas que deviam estar cuidando delas. Mas eu aviso. Foi Ele quem disse: “Ai daquele que machucar um desses meus pequeninos”.
BATE O MARTELO, JESUS!

quarta-feira, 24 de março de 2010

VIAJANDO


( imagem educowboy.blogger.com.br google )
Olá amigos. Agradeço pelos comentários de hoje. Li todos com atenção e fico muito grato. Só não pode responder porque estive cuidando de viagem. Sim, viajo hoje e só devo voltar na segunda-feira. Um abraço a todos e tenham um ótimo final de semana, abençoado e de poesia. AMEM!!!

NEM TUDO SÃO FLORES, MAS A GENTE PODE PLANTAR


( imagem omeualentejo.blogs.sapo.pt )
Nem tudo são flores. A gente ouve muito por aí. Mas, com boa vontade, a gente pode transformar terrenos áridos em prósperos jardins. Comigo sempre tem um "mas". Alguns textos penso se devo postar por causa do alto grau de exposição, mas como vivo dizendo a todos: “escreva o que sente, seja fiel a si mesmo”, acabo contando por considerar como pontos somados na vida, experiências adquiridas, evolução interna. Eu tinha uma irmã que não combinava comigo... corrijo, a gente não combinava muito. Não vou esconder que tinha alguma culpa, embora a maior resistência de fazer as pazes fosse da parte dela. Provavelmente ela tinha ciúmes ou uma invejinha de mim com minha mãe que parecia me dar privilégios. Mas vejam se de alguma forma minha mãe não estava certa. Eu bancava tudo, não só financeiramente, apesar de ganhar pouco, mas também intelectualmente, era meio guia para minha mãe. Resolvia as coisas para ela, dava instruções, pequenas coisas com vizinhos, algum mal entendido, tudo era eu. Então era natural que se apoiasse em mim, que criasse um vínculo mais forte, eu era o socorro em tudo. Abria mão de coisas, às vezes só ia ao clube porque algum amigo emprestava. Nunca reclamei isso, sabia que a vida me recompensaria e recompensou. Nem ligava de minha irmã mexer nos meus discos, minha radiola. Só brigava muito quando via minhas revistinhas e até poesia no lixo. Clima era sempre tenso. Discussões pesadas, gritadas. Se eu chegava e estavam todos na sala, ela saía dizendo. “Vou sair. Ambiente ficou pesado. Roubaram meu oxigênio”. Eu também não ficava para trás, respondia no mesmo tom, mesmo morrendo por dentro. Sim, eu morria por dentro à cada briga, me incomodava muito. Eu ainda procurava poupá-la perto das amigas, fingia que não ouvia pra não responder. Mas ela não. Aí mesmo que fazia questão. Um dia resolveu se casar. Perto do dia do casamento, mandou um recado para mim através de várias pessoas. Que não queria me ver nem pintado de ouro no seu casamento. Que eu passasse longe do cartório, se possível que fosse para outra cidade. Respondi. “Aquele casamento de m...? Vou não. Vou pra gandaia que é melhor que eu faço. Só eu sei que falei isso da boca pra fora. Fiquei arrasado. “Minha irmã vai casar e eu não posso ir”. Na sexta, véspera, chorei muito, numa mesa no canto de um bar. Como eu bebi naquela noite. A dona do bar, uma baiana com quem eu gostava muito de conversar e ela também gostava de me servir e ficar na mesa, com muito custo arrancou de mim o motivo de tanto choro. Contei para ela, tudo, desde o começo.. Mais experiente e vivida me aconselhou. “Esse é o momento de vocês acabarem com isso. Não haverá outra oportunidade. Sinto que você quer resolver isso, que isso lhe machuca, então essa é a hora. Ignore o recado dela. Ponha uma roupa bonita, se encha de perfume e vá dar um abraço nela. Duvido que ela seja de pedra, que resista a um abraço do irmão. Só vai faltar você lá. Quem sabe ela não deseja o mesmo que você? O orgulho impede as pessoas de se perdoarem, levam mágoas para o túmulo e isso é pura besteira. Algum lado tem que ceder. Seja você esse lado, ser humilde não é fraqueza. É força, é grandiosidade. Não tenha medo da braveza dela. Se ela maltratar você lá na hora, será ela a perdedora. Você sairá engrandecido, e mais ainda com a consciência limpa de alguém que tentou uma reconciliação. Mas se ela aceitar e lhe acolher, os dois estarão engrandecidos. E unidos. Tenho certeza que sua mãe sofre por isso. Se você cuida tanto dela, não a deixe morrer sem ver seus filhos em paz. Não tem coisa pior para uma mãe”. Isso já eram umas 4h da manhã. O bar era no centro, tinha que esperar o dia amanhecer. Vi o sol nascer meditando sobre tudo que ouvi. O casamento era às 10h no centro. Num repente, pensei. “Vou lá sim!”. Me levantei, corri pra pegar o primeiro ônibus pra voltar rápido, pois o cartório também era no centro. Tomei banho rápido, vesti minha melhor roupa, só não deu para melhorar a cara, devido ao choro, à ressaca e a noite passada em claro. Cheguei atrasado, já estavam recebendo os cumprimentos. Fiquei meio de lado, ainda na dúvida se devia ou não. Ela não me viu chegar no meio de tanta gente. Dei passos trêmulos, cheio de medo, mas também de vontade. Ela nem esperava. Aproximei e dei um beijo no rosto dela. Ela tomou um susto. Bem morena, mas ficou branca. Me abraçou demoradamente.. “Que bom que você veio. Olhei para todo os cantos para ver se você estava. Vejam, gente. O Cal chegou”. E tudo terminou ali. Ou melhor... começou ali. A partir desse dia ela virou minha maior puxa-saco. Na primeira oportunidade voltei ao bar e contei à baiana o resultado, ela me parabenizou muito. Eu disse a ela. “Não. Os parabéns são para você que me mostrou o caminho”.

terça-feira, 23 de março de 2010

CERTAS CANÇÕES


( imagem google 3bp3.bp.blogspot.com)
Minha nova amiga Mahria me surpreendeu positivamente, me citando em seu blog para esse desafio. Fiquei feliz, o tema pra mim é um prato cheio. O engraçado é que eu planejava uma semana só falando de músicas que marcaram para mim, ou fazer uma única postagem falando delas. A brincadeira consiste em citar as 13 músicas que marcaram em minha vida. Eu gosto tanto de música que vai ser difícil escolher só 13. Tive que colocar a peneira do meu coração para funcionar. Um ou outra, alguém pode até não achar bonita, mas a música toca diferente em cada pessoa e assim se identifica mais com uma específica, conforme o momento vivido. Se fosse só para escolher música bonita, ficaria o dia todo. Portanto não se trata de bonitas, mas algumas das principais que fizeram e fazem parte da trilha sonora de minha vida. Só que vou fazer diferente dela. Vou citar as músicas e dizer uns pequenos porquês. Ah, não exatamente nessa ordem.
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Meu mundo e nada mais (Guilherme Arantes)
Adoro essa música quando ela diz... “não estou bem certo se ainda vou sorrir, sem um traço de amargura”... “hoje estou mudo, estou mudado”. Nas vezes em que fiquei mudo sofri muito, então eu queria meu mundo de volta. Aquele não era eu.

Imagine (John Lennon)
Acho essa música muito profunda. Utópica pode parecer, mas é possível. As coisas precisam antes acontecer dentro da gente. Depois elas se externam.

Metamorfose ambulante ( Raul Seixas)
A afirmação do EU SOU, independente do que acontece ao lado. Perante as inconstâncias da grande roda gigante, a gente precisa ser inconstante também e não levar a vida assim tão a sério.

Cavalgada (Roberto Carlos)
Essa é uma verdadeira poesia do Roberto Carlos.

I Starded A Joke (Bee Gees)
Ah, os irmãos Gibb cantavam demais. Que afinação era aquela, vozes doces.

Tudo outra vez ( Belchior)
Gosto muito do Belchior. Muitas músicas que a grande Elis Regina cantou, eram dele. Dessa particularmente... “há tempo, muito tempo que eu estou longe de casa...”... “ouvi dizer no papo da rapaziada ,que aquele amigo que embarcou comigo , cheio de esperança e fé, já se mandou”. Quem havia se mandado era eu, mas no fim ele fala de esperança... “agora eu quero tudo outra vez”

Tempo perdido (Renato Russo)
Tem tantas, mas para mim essa é a melhor. “a tempestade que chega é da cor dos seus olhos”... “temos nosso próprio tempo”... “não tenho medo do escuro, mas deixe as luzes acesas”, por via das dúvidas.

HAVE YOU EVER SEEN THE RAIN (Creedence)
Ninguém cantou o rock estrada como o Creedence. Essa é uma música de ouvir pilotando uma Harley Davidson, de triciclo. Mas eu não tenho uma não, viu gente?

O divã ( Roberto Carlos)
Ah, essa é toda a minha infância. Difícil, mas com fé, esperança e brincadeiras. Nunca permiti que me atrapalhassem a infância.

Boiadeiro errante (Teddy Vieira)
Essa foi gravada por muitos cantores e é uma das mais lindas da música caipira de raiz. O autor é excelente. Gosto dela porque lembra meu pai tocando, eu sentado numa coxa dele e a sanfona na outra. Ainda vou separar uma semana só para falar dessas músicas antigas, a raiz do Brasil. Vocês verão que são grandes poesias.

Olhos nos olhos (Chico Buarque)
Esse é outro que é difícil citar só uma música. Essa nem vou explicar, é só ler a letra pra entender.

Chão de giz (Zé Ramalho)
A original, a do primeiro lançamento. Uma letra sensacional e uma interpretação magistral do grande ZÉ.

Oração de São Francisco de Assis ( Fagner)
Muita gente gravou também, mas com Fagner ficou melhor. O cara canta demais e essa é uma que gosto de ouvir de olhos fechados. Não dá para não se emocionar com essa música. “fazei com que eu procure mais, consolar que ser consolado, compreender que ser compreendido”.

E assim vocês conhecem mais um pouquinho de mim.

segunda-feira, 22 de março de 2010

NARCISO


Eu prefiro ficar aqui...
refletido em meus próprios olhos
agarrado a meu próprio sonho,
mesmo que seja absurdo.
Estar mudo e surdo a tudo que é exterior.
Mergulhar nesse lago e me afogar no meu amor...
no meu amor por mim.
Dizer que me amo mesmo que não o digam.
Traçar meu próprio caminho mesmo que não o sigam.
Procurei a beleza em todo canto
encontirei dentro de mim,
por isso fiquei assim...
apaixonado, alucinado e esse amor não tem mais fim.
Dizem que sou um fraco, mas, não vêem que sou tão lindo.
Falam das minhas asneiras de todo dia,
mas, não lêem minha poesia .
Como querem me entender?
Fecham os olhos e alma... como podem me ver?
Mas eu vivo sorrindo, sorrindo para o meu ego
por isso sou tão cego a tudo que não é espelho.
nesse lago eu me afago, nesse silêncio me escuto,
compreendo a essência do meu ser,
compreendendo-me sou forte,
sendo forte...eu luto.

sábado, 20 de março de 2010

NEM SEMPRE É BOM SER DON JUAN


( imagem google )
Eu tinha um amigo taxista, mais velho que eu uns doze anos. Tinha fama de garanhão, pegador e tirava onda disso. Mas reconheço, ele era mesmo. Não entendia como, era feio de doer. Lábia é lábia. Ficava me ensinando as coisas sobre mulheres. “Sei tudo de mulher, pode perguntar que eu sei”. Um dia,sexualmente falando, disse. “ Se você provocar uma mulher, tem que dar conta dela. Nunca provoque uma mulher se não vai dar conta. Você não sabe o que é uma mulher no auge do seu tesão. A mulher tem mais tesão que o homem, só que ela se inibe. Por quê você acha que elas gritam tanto? Portanto, cuidado”. Respondi. “Assim você está me fazendo ter medo de mulher”. “Calma”, respondeu. “Eu sei como desmontá-las. Vou te ensinar”. Não vou dizer o que me falou porque é meio impublicável. Não concordava com estilo Don Juan cafajeste dele. Se eu fosse um Don Juan, acho que seria da linha branca. Mesmo assim saíamos juntos às vezes. Certo dia, o vi sentado e cheguei apoiando meu braço sobre seu ombro, no que gritou logo, tirando meu braço. “Ai, não ponha a mão aí”. Assustei perguntando o que houve, ele levantou a camisa mostrando as costas e peito. Estava todo arranhado na carne viva. “Caramba. Estava lutando com onça?”. Pegou minha mão, mais especificamente no meu dedo indicador e colocou no couro cabeludo. Estava cheio de galos e caroços. Vendo também seu olho inchado, perguntei. "Que é isso? Brigou com alguém? E pelo jeito levou a pior”. E ele. “Antes fosse briga, porque briga a gente apanha e bate. Nessa eu só apanhei. Senta aí,vamos tomar uma cerveja. Vou te contar”. Nunca ri tanto. Começou . “Você lembra de uma loira, cabelo crespo, na seresta que ficava sempre no canto, isolada, não falava nem dançava com ninguém? Me arrisquei. Perguntei se podia pagar algo pra ela. Mesmo não dando muita bola, ela aceitou e me deixou sentar. Na verdade há tempos eu já a estava paquerando de longe. Tomamos uns drinks, chamei pra dançar. Ela relutou muito, mas acabou topando. Dançando senti seu corpo trêmulo. Pensei ‘essa mulher deve estar com algum problema emocional, uma depressão’. Tentei apertá-la, ela não deixava. Sentados de novo, minha investida era levar pro motel. Ela disse. ‘Não posso ter homem, não quero homem’. Perguntei se era sapatão, ela disse que não e emendou. ‘Homem que fica comigo, nunca mais volta. Sou histérica’. Ora, dizer que era histérica, me deu mais vontade ainda. Vou correr de mulher? E insisti por mais de hora, ela dizendo ‘não’, até que aceitou, dizendo. ‘Depois não diga que não avisei’. No motel, enquanto trancava a porta, a mulher já me puxou pelo cabelo, me jogou na cama, rasgou minha camisa, já pulou na minha barriga, meu coração quase saiu na boca, num esfrega esfrega danado, urrando como louca, falando coisas estranhas, me dando até soco na cabeça. Pensei. ‘Essa mulher está drogada” Com muito custo saí debaixo dela, tentei andar, ela agarrou minhas pernas, caí no chão de bruços, ela mergulhou de cima da cama sobre mim, quase quebra minha coluna, me arranhando e urrando como louca, esfregando de todo jeito, como uma minhoca no asfalto quente, como uma cobra morrendo. Eu desesperado, não conseguia me livrar. Levantava, mas ela muito forte me jogava de novo. Uma hora fiquei no canto da parede. Ela veio tão forte que bati minha cabeça e fiquei zonzo. Eu a empurrava e ela vinha pior. Parecia o bicho ruim. O quarto virou campo de guerra. Coisas caindo, roupas e lençóis pra todo lado, travesseiro estourado. O porteiro do motel pensando que eu estava batendo nela, veio gritando. ‘Para com isso, seu covarde. Vou chamar a polícia’. E eu gritando lá dentro. ‘Chama, pelo amor de Deus, que a mulher está me matando’. Tentei abrir a porta pra fugir do caos, mas eu sempre tiro a chave por segurança e agora na confusão não sabia onde estava mais. Quando encontrei, enquanto tentava abrir, a mulher pulou nas minhas costas como uma macaca e não parava de relar, sempre urrando Quando consegui sair, de cueca e calça na mão, o porteiro de olhos arregalados, vendo-a trepada nas minhas costas, fez o Nome do Pai. ‘Cruz credo. Essa mulher está possuída’. Com dificuldade, me livrei dela, ela caiu no chão e puxei a porta, trancando-a dentro. Atordoado, costas cheias de sangue, vesti roupa, paguei e fui embora”. Eu ria de chorar. Falei. “Você me disse uma vez. ‘Nunca provoque uma mulher...’. Sua lição foi furada, você não deu conta”. Retrucou. Eu não provoquei, aquela é provocada de natureza.”. falei. De todo jeito aprendi mais uma lição com você. Se uma mulher disser que é histérica, estou fora”. Balançou a cabeça. “Não queira pagar pra ver, meu amigo”. Não conseguia olhar pra cara dele sem rir e dizia. “O garanhão se deu mal. O Don Juan se estrepou”. Reclamou. "Pôxa,eu todo dolorido e você rindo". Eu perco o amigo, mas não perco a piada e fiz a última pergunta. “Me diz uma coisa? Nesse bafafá todo, não teve nada? Nem um pouquinho?”. "Que nada.Ela dizia.'Me come, me come' e eu respondia. "De que jeito? Você não deixa'. Sinceridade...? Meu 'negócio' nem subiu". Eu estava com a boca cheia de cerveja e cuspi cerveja pra todo lado, rindo e engasgado. "O Don Juan brochou". Por isso eu digo, nem sempre é bom ser Don Juan. Teve que provar que era o bom e deu nisso.

sexta-feira, 19 de março de 2010

QUE MUNDO MARAVILHOSO!


( imagem boatarde.gif- google )
Há umas quatro semanas, a amiga Felina sugeriu que falássemos da beleza. Certas coisas que ouço nunca esqueço. Então desde pequeno ouvia: “Quem ama o feio, bonito lhe parece”: Não sei se gosto dessa frase, nem mesmo se a entendi. Porém, eu faria correções nela.O autor que me desculpe, não vou estragar a frase dele, apenas adaptá-la a mim mesmo. Sim, eu adapto todas as coisas a mim mesmo. Discordo de que “quem ama o feio, bonito lhe parece”. Se for assim posso parafrasear: “Quem não ama o bonito, feio lhe parece”. Simples, não é? Não existem coisas ou pessoas feias. Todas têm seu brilho, sua beleza. Calma, gente. O Carlos não está dizendo que vê tudo às mil maravilhas, que vive num mundo encantado onde tudo é perfeito, que todas as pessoas são boazinhas. Digo apenas que procuro tirar das coisas e pessoas o lado positivo sempre. Sou positivista. Eu acho todas as pessoas bonitas. Quando falo com alguém não vejo se ele é negro, homossexual, se tem falhas de dentes, se fala errado, se anda de chinelos. Porque não olho casca. Olho a beleza interna das pessoas. Gosto de saber o que elas têm a me dizer. Falo com crianças, adultos e velhos no mesmo tom. Tenho facilidade grande de me adaptar a diferentes pessoas. Terceiros veem isso, me elogiam e eu acho tão normal fazer assim. Isso se chama ‘descomplicar a vida’. Quando é hora de falar com um intelectual, está lá o Carlos, parecendo um Machado de Assis. Quando falo com o carroceiro, está lá o Carlos parecendo o Mazzaroppi. As coisas são muito simples. Todo mundo tem algo a nos dizer, a nos passar. Lógico, quando estou no espelho sou um verdadeiro Narciso. Quero ver se meu cabelo está bonito. Se meus óculos estão limpinhos. Quero ir trabalhar arrumadinho. Passo meu perfume. Mas uma vaidade que acaba ali. Nas ruas sou camaleão, permito as pessoas e me permito, numa grande mistura. O mundo é uma grande mistura. Há uns dias, um amigo que também se chama Carlos e ele parece muito orgulhoso de ser meu xará, perguntou. “Como a poesia acontece em você, ou pra você, Carlos?”. Respondi. “A poesia acontece toda hora, meu amigo. O simples fato da gente estar aqui debaixo dessa árvore batendo papo, pra mim é motivo de poesia. É muito lindo estar com amigos. Tudo é poesia. Está vendo aquele casal de pombos no poste? É poesia acontecendo. Eles estão namorando, isso é poesia. Olha essa joaninha pousada no meu ombro. Por mim ela fica aqui a vida inteira. Veja aqueles cachorrinhos rolando na terra. E aqueles dois velhos conversando? Aquela mulher grávida passando. As pessoas precisam mais ver beleza nas coisas, parar de ser um pouco amargas, de reclamar da segunda-feira, agradecer mais. Buzinar menos no trânsito. Parar de querer ser pole position de semáforo. Jogar menos lixo na rua. Julgar menos, entender mais”. “Por isso que dá gosto conversar com poeta”, ele disse. Mas ainda retruquei. “Obrigado, mas não precisa ser poeta para ver isso. A vida acontece todo dia e assim a beleza e a poesia também”. Eu acho a vida uma beleza. Uma magia incrível. Aprendo muitas coisas com a natureza, com os bichos. Nunca tive e não tenho vida fácil, como se diz na gíria, ‘matando um leão por dia’, mas até nisso tem encanto. Já fui vítima de inveja, de perseguição e não tive raiva das pessoas. Apenas lamentava. Mas consegui trazer essas pessoas para meu lado. Uma vez ouvi um absurdo. “Você tem uma paz irritante”. Pôxa, como pode a paz ser irritante? Que seja irritante, mas tenho na minha consciência que pratico a paz A frase do John Lennon, “dê uma chance à paz”, é muito mais profunda do que a gente imagina. Ele quis dizer. ‘Até hoje não praticamos a paz, deu tudo errado até aqui. Agora vamos dar uma chance `a paz. Quem sabe melhora?’. Vamos fazer menos guerra e não falo só de guerra armada. Falo de gente que acorda de manhã pronto para a guerra. Quase saí do assunto principal, mas não dá para falar de beleza sem falar de paz. Entre os dez mandamentos, existe um embutido que é o principal e engloba todos eles : PRATIQUE A PAZ. Vou ter que usar a frase do grande Gandhi: “Olho por olho e o mundo acabará cego”. Eu não quero acabar cego. Quero ver a beleza das coisas, quero ver a beleza da vida e para isso preciso não só dos olhos da cara, mas também da alma, bem abertos, bem límpidos.
WHAT A WONDERFUL WORLD, é minha música preferida.

quarta-feira, 17 de março de 2010

MINHA PRIMEIRA FESTA DE ANIVERSÁRIO


( imagem google )
Eu nunca tinha tido uma festa de aniversário.
Tinha lá no trabalho, numa parede central, um calendário enorme. Lá pelo dia 10 de março, peguei um pincel vermelho, fiz um círculo no dia 15, puxei uma setinha até o alto da folhinha e escrevi: FERIADO NACIONAL. Como no Brasil tem tantos feriados, um a mais, um a menos, passaria despercebido. E as pessoas começaram a perguntar. “Carlos , aquela letrinha torta é sua. Feriado de quê?”. E eu. “Vocês não sabem? Dizem que é de um cara famoso, muito querido. O presidente já decretou” .E ficaram especulando. “Não estou conseguindo lembrar, mas tem sim um feriado nesse dia”. E falavam nome de gente famosa, de grandes escritores, inventores, descobridores. “Carlos, se você sabe fala aí, né?”. Eu dizia. “Falo não. Vocês não veem tv? Aliás ligam só pra ver novela, está falando toda hora. Não leem um jornal”. O chefe falou. “Eu leio jornal todo todo dia e não vi nada disso”. Respondi. “Melhor o senhor trocar de jornal porque esse está furado. Que gente mal informada!”. Os dias foram passando. Toda hora passava um e li lá em cima: FERIADO NACIONAL. Coçava o queixo, a cabeça e ia embora. E eu me divertindo com aquilo. Até cantava assim. “Obaaaaa, dia 15 não venho trabalhaaaar. Adoro feriadooooo. Vai ser um dia lindooooo. O presidente já faloooou”. Chegava um. “Carlos, já perguntei um monte de gente, ninguém sabe que feriado é esse”. Até que no dia 14, Fátima desconfiou porque me via rindo nos cantinhos. “ Aprontando de novo, hein Carlos? É seu aniversário, né seu bobão? Está zoando todo mundo, por que não falou pra gente fazer uma festinha?”. “Ah, eu fiz brincando, vocês foram acreditando eu deixei pra ver até onde ia”. E ela. “Mas acontece que quando você quer falar sério, você fala. Por isso, e ainda por cima no meio de tantos feriados e todo mundo envolvido com trabalho, acreditamos. Eu já revirei agendas, calendários, perguntei pessoas pra descobrir esse bendito feriado... e nada”. No dia 15, fiquei um pouco chateado, ninguém me deu os parabéns e todos já sabiam do aniversário.. Fiquei matutando. Será que ficaram com raiva por causa da brincadeira? Puxa, não fiz por mal”. Terminado o expediente, todos na Kombi, o motorista não parou para mim no ponto habitual. Seguiu direto. Todos para a casa da Nice, a festeira sertaneja, onde tinha um bolo enorme, doces, salgadinhos, refrigerante e cerveja. Agora entendi porque ela não tinha ido trabalhar. Ficou em casa preparando tudo. Era minha primeira festa de aniversário. Até balões tinha. A gente ouve muitas coisas boas em aniversários. Desse, me lembro mais dessas palavras. “Ninguém gosta de gente que gosta de aparecer. Normalmente quem gosta de aparecer é gente chata, metida. Você é o único que conheço que faz isso muito bem. Você sabe aparecer. As pessoas perdoam tudo em você. Mas convenhamos, dessa vez você exagerou”. Respondi. “Ora, é porque eu nunca tive uma festa de aniversário e queria ver como era. E está sendo muito bom. Gostei. Vou querer mais vezes”. Nice e Carmem disseram. “Ah, não acho tão bom assim. A gente vai ficando velho.”. Respondi. “Envelhecer, é da natureza. Saber envelhecer, é da gente. Eu não vou ficar velho nunca”. Domingo, dia 14, ouvi isso. “Você nunca envelhece. Está sempre jovial, falando coisas de animação, de ego, de vida, de Deus, usou a palavra horizonte duas vezes. Isso passa otimismo pra gente. Tem suas horas de seriedade, mas predomina uma juventude aí dentro. Acho que você nunca vai envelhecer”. Também acho que não. Claro que as juntas, as articulações, doem de vez em quando, não são mais as mesmas, mas o coração, esse sim... não precisa envelhecer com o corpo.

terça-feira, 16 de março de 2010

segunda-feira, 15 de março de 2010

QUERO PRESENTES


( juborges.files.wordpress.com )
É meu aniversário... e quero presentes. Bem caros: abraços, palavras e afagos dos amigos. Esses são os presentes mais caros para mim. Vou mandar uma carta pro Lula, pedindo para decretar dia 15 de março como FERIADO NACIONAL. Ah e o mais bacana, ontem foi dia NACIONAL DA POESIA . Coincidência boa,não? Um abraço a todos.

sábado, 13 de março de 2010

VOZ ROUCA


Voz rouca!
Que sussurra, que grita, que canta.
Que intriga,que irrita, que briga, que encanta.
Voz rouca que espalha poesias.
que lamenta, que suplica.
que declama, que reclama.
Quanto canta, parece chorar.
Quando chora, parece cantar.
quando declama, está a reclamar.
Voz rouca!
Esse estranho som,fora do tom
saindo rasgado de uma garganta
parece trazer coisas das entranhas
do túnel do tempo que eu perdi.
Sei lá se é do passado ou do futuro,
do passado acho que já esqueci,
o futuro ainda vai vir.
Só sei que minha voz está presente.
pra uns, é charme, pra outros, defeito
importa é que sai do peito
das profundezas do ego
ou será apenas uma forma de dizer por aí
com uma voz diferente a esse mundo surdo e cego
que eu estou aqui?

Uma nota meio engraçada.Não briguem comigo por postar isso. Estou em fase de aniversário, então eu posso tudo. Quase tudo, né? Tudo é meio perigoso. Tinha um rapaz que não gostava de mim. Viu,gente? Estão pensando que sou perfeito? Não sou. UM dia ele ne disse: "Pôxa,Carlos. Sua voz é chata, irritante". Eu respondi. "Ainda bem que você acha minha voz chata, porque minha voz não é pra homem achar bonita mesmo. Aposto que sua irmã gosta. Imagina eu falando no ouvido dela". Ele quis me bater, mas a turma não deixou. Ele tinha tanto ciúme da irmã e já era cismado comigo, pensava que eu era pegador. Era nada. Eles pensavam e eu deixava que pensassem. Gostava disso.

sexta-feira, 12 de março de 2010

UM TOQUE DE MIDAS


( imagem google )
Esse poema não é novo. Nem velho. Assim como eu. Não está entre os melhores. Também não está entre os piores. Também não gosto de ficar nomeando, “esse é pior, esse é melhor”. O poeta tem que amar sua poesia e pronto... e respeitá-la. Todos são especiais. E assim escolhi este para cada vez que eu fizer aniversário. Sim, está chegando meu aniversário e é dia 15, segunda-feira. Fiquei na dúvida se falava, mas por outro lado sei que os amigos blogueiros iam acabar sabendo e não me perdoariam por não contar. Quando jovem, jovem literalmente falando, porque ainda me sinto jovem espiritualmente, eu escondia meu aniversário porque sabia que iam ter manifestações, abraços e eu não me controlo muito por ser emotivo acima da conta. Alguém sempre ficava sabendo, espalhava, daí o resto vocês imaginam. Da mesma forma que sei que neste dia 15 algumas pessoas vão aparecer para me abraçar de “surpresa”. Surpresa nada, eu já sei que eles vão, porque são bons amigos. Por exemplo, tenho um amigo que só vejo de ano em ano. No meu aniversário. A filha dele comemora no mesmo dia. Pois ele sai da festinha dela só para vir me abraçar. Legal isso, né? Pois é. Os casos que conto aqui, não são só do passado, acontecem comigo todos os dias.
Neste poema, como sempre, misturo minhas idades. Gosto dessa alternância. Vou lá e volto cá. Fico brincando de iôiô com minhas idades. No começo falo de um jovem idealizador, porém não um idealizador materialista, mas buscando, projetando ser alguém melhor quando os cabelos virarem prata, só que fazendo isso, plantando isso ainda na juventude. Porque velhice não é o fim.Velhice é colheita. É o resultado de tudo que a gente semeou. O MIDAS da lenda se perdeu, talvez porque pensou só em ouro. Não consegui ser um REI MIDAS, fazendo as coisas virarem perfeitas como diz o poema, mas consegui manter a fertilidade do meu coração e isso para mim vale mais que ouro.
Ah... a idade não vou falar. Nisso sou igual às mulheres. Até acho que vou começar a contar minha idade de trás pra frente. Isso, regressiva. Quem sabe assim eu viro um bebê?
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UM TOQUE DE MIDAS

Quando a prata tingir meus cabelos,
meu coração vai ser ouro.
Num amarelo tão cintilante
que será impossível não atrair alguém,
mais forte que a magia de Midas
e quem tocar vai virar ouro também.
Não estarei envelhecido,estarei melhor
como homem,como gente
e que todos os fios de cabelos brancos
que a vida me der aos trancos
sejam exemplos e sementes
para quem souber me olhar.
Não serão pesadelos. Nada de mal . Ora, são apenas meus cabelos,
meu coração é jovial .
Mais idade, mais planos
mais amigos, mais amores.
Talvez menos tempo, eu sei,
mas quando tinha vinte anos
tinha todo o tempo do mundo e não me importei.
Defeito? Não. Coisas da idade.
No final somos todos meninos
e gostamos de com o tempo brincar .
Só não podemos perder, seja em qualquer momento...
a magia que é viver
e a vontade de sonhar.

quinta-feira, 11 de março de 2010

A SAUDADE É UM ABISMO


( imagem coramaria.com.br )
Esse abismo pode me engolir.
Essa imensidão pode me consumir,
mas, nada se compara à sensação devoradora
muito mais imensa e assustadora.
Subi montanhas pra fugir da saudade.
Que maldade pro meu coração!
Busquei refúgio,
mas não tenho asas, só imaginação.
Quisera que esse sol que me clareia
fosse o olhar dela
que muito mais me acende e norteia.
Que essa suave brisa
que me causa tanto gosto
fosse as mãos dela, de que meu rosto precisa.
No alto dessa montanha
sinto-me grande e pequeno
e o clima ameno que ora se faz
não combina com meu peito que arde sem paz,
de ciúmes, de queixumes, de saudade
ansiedade tanta que dá vontade de voar,
cruzar esse espaço,
buscar aquele abraço, repousar naquele ninho
e de lá não mais sair
pra nunca mais me sentir sozinho.
/

quarta-feira, 10 de março de 2010

O CARLOS VOLTOU!


( imagem lifesbook.files.wordpress.com )
Foi exatamente no dia do meu aniversário. Estávamos num churrasquinho, eu
e os dois irmãos Jonas e Josué, com quem eu morava num pequeno, mas aconchegante barraco. Ah, se aquele barraco falasse. Só faltavam uns dias para receber meu acerto e zarpar. Falei pro Jonas. “Nunca mais vou voltar à essas cidade”. Ele não deu muito bola. “Duvido. ‘Nunca’... é distante demais”. Insisti. “Sério. Aproveite para olhar pro seu amigo nesses dias, pois não o verá mais. Talvez daqui uns trinta anos, se voltar”. Estava magoado, algumas decepções, cidade de poucas oportunidades. Hoje não, cidade em progresso constante, em plena evolução. Também isso não é mais da minha conta. Ele, por fim entendeu. “Pelo menos telefona pra minha tia aqui ao lado”. Não fiquei trinta anos, tampouco a eternidade, mas dezesseis anos fiquei sim. Um dia, traumas vencidos, tomei coragem e voltei. Ao meu bairro de origem. Fui à casa do Marcelo que já estava nos EUA, conversei longamente com sua mãe. Encontrei Amarildo, craque de bola. Fui à casa de Dona Maura, essa não podia faltar. Esperando Jaiminho, seu filho, acabei almoçando lá. “Puxa, Dona Maura, a senhora está cozinhando do mesmo jeito”. “ Você pra mim é como um filho. Se você não comesse ia ser maior desfeita”. Visitei dona Maria Preta, que velhinha custou a me reconhecer. E assim vi outros. Luizinho. Walter. Zezé. Mas o ponto mesmo de encontro era na última rua, onde tinha o bar do Sinval. Todos iam pra lá após as peladas. Quando virei a esquina, tive que parar porque uma lágrima desceu. Todos estavam lá. Ou quase todos. Vi de longe Ademir, Beba, Edmilson, Manuel, Salvador, Lobão, Everaldo irmão do Quita, Waltinho, Fernando. Com calma enxuguei os olhos, estacionei e fui. Andando ouvi um dizer. “Gente, não acredito no que estou vendo. É o Carlos. O Carlos voltou”. E começou um grande alvoroço, todos vindo a mim. Parecia que chegava um grande ídolo. Não. Mais que isso. Um grande amigo. Fiquei perdido entre tantas perguntas, não sabia a quem responder. Sinceramente, fiquei surpreso com tamanha recepção, e feliz, claro. Senhor Nelson, veio de trás. “Uai, Carlim. Não fala mais com velhos?”. Virei-me. “Claro que sim, seu Nélson”. E dei a mão, ele se afastou. Não, não. Você mesmo me disse uma vez que amigos não dão a mão. Amigos se abraçam. Eu quero um abraço”. Claro que dei. Senhor Nelson é um caso à parte. Não gostava da rapaziada, mas modéstia à parte, eu o trouxe pro nosso lado. Fiz ele ver que a rapaziada era boa. E nunca mais deixou a gente. Um velho no meio de jovens e pelo jeito não perdeu o gosto pela coisa. No meio de tanto blá blá blá, ele mesmo disse. “Isso merece uma comemoração, isso é um acontecimento, um churrasco cai bem”. Todos responderam quase em coro. Churrasco armado. Lembramos de tudo, desde a infância mais remota. Do nosso timinho. Fatos da escola. Do dia que derrubei o muro com o carro. Do dia em que a bola voou sobre o muro, passou pela janela e jogou o prato de Dona Maria Preta no chão. Ela saiu no portão de faca na mão, com a bola picada em mil pedaços. A bola era de Juninho, um menino mais novo, que ganhara a bola no aniversário naqueles dias. Ele chorou demais. Chamei a turma, fizemos uma vaquinha e compramos uma bola igualzinha pra ele. Foi nesse dia que fiquei sabendo que Mirtes e Robson haviam morrido. Lamentei muito. Sempre que a gente perde um amigo, é como se fosse uma flor a menos no jardim da gente. Falamos de quando eu cantava no ônibus. Eu cantava de Amado Batista a Frank Sinatra. Era metido a imitar alguns artistas. A voz tremida do Fagner. A voz possante do Zé Ramalho. A que eu tinha mais facilidade era com a do Belchior. Na voz do Roberto Carlos, eu exagerava de propósito, só para as pessoas rirem. Lembramos do bairro aonde íamos e às vezes voltávamos correndo dos rapazes enciumados por causa das meninas de lá. E o dia em que inventei de imitar Elvis no clube? Se fui bem não sei, mas rimos muito. Falamos das meninas sempre à minha volta. Eu não pegava ninguém. Gostavam de mim porque eu era divertido. E meus amigos também. Todos se encorajavam a partir de mim, mas sempre aprontações do bem. Minha casa vivia cheia. Todos vinham ouvir música na minha radiola, linda, marca ABC. Eu ficava explicando as letras das músicas pra eles. Todos gostam de ouvir elogios e eu também. Só que quando exageram, fico sem graça, fico tímido mesmo. A frase que mais ouvi. “Quando você foi embora, esse bairro não foi mais o mesmo”. Teve de tudo. Até quebraram ovo na minha cabeça. Tomei banho de mangueira. Como pude ficar tanto tempo sem ir ali? Muitas vezes criamos barreiras dentro de nós mesmos, nos impomos limites, afastamos de pessoas queridas só porque uma terceira força quis. E isso é um erro. Pelo menos, um dia quebrei a barreira, quando entendi que uma cidade é muito mais que usinas, edifícios, bancos e avenidas. Uma cidade é feita de pesssoas, especialmente... de amigos. Foi por isso que eu voltei.

terça-feira, 9 de março de 2010

PERDI UMA AMIGUINHA


Achei importante contar isso, e mais, compartilhar mais uma coisinha triste. Madrugada de sábado pra domingo, minha cachorrinha Shena morreu... e no parto. Sei lá como foi. Não tenho olho clínico. Apenas vi que sábado de dia ela estava amuadinha, cansada, mas pensei ser normal de alguém que vai ter bebê, que ganharia seus bebês sem problema. Até porque da primeira vez foi tranquilo. Quintal todo ajeitadinho pra ela, uma bacia enorme pra ela se acomodar com os filhotes. Dormi. Acordei cedo no domingo. Gritei do terraço e ela não veio abanando rabinho como vinha sempre, procurando onde eu estaria. Pensei que devia ter parido e estava deitadinha com os filhos. Desci ansioso e quando cheguei lá estava ela. Esticada, durinha. Chamei assim mesmo. Mas era tarde, estava morta. Os filhotes não tiveram passagem. Meu coração cortou. No sábado de dia, passando a mão na barriga dela falei. “Depois de amanhã é seu dia. Afinal você também é mulher. E mais bonito, vai ter neném logo no dia”. Ainda uns quatro dias antes, percebi que estava com dores, fiquei afagando a barriga dela e aliviada, acabou dormindo. Não nego, chorei um pouco sim. Era amiguinha. Sabia quando eu estava triste ou aborrecido, encostava na minha perna, às vezes lambia por vários minutos. Em outras, ela deitada no chão, eu no sofá, ela se levantava, puxava minha mão com os dentes para eu afagá-la. Essas intimidades eu tinha, só não deixava lamber rosto ou beijava porque não acho higiênico e é até perigoso. Pensam que joguei no mato como alguns fazem? Não. Enterrei dignamente e com pesar. Agora a segunda parte disso tudo. Ela tinha dois filhinhos, Dolly(fêmea) e Fred. Os dois estão totalmente tristes, deprimidos. Hoje até melhoraram, devem esquecer com o tempo, mas de domingo pra segunda, uivaram a noite toda. Dolly principalmente, procura pela casa, pelo quintal e como não encontra, deita aborrecida num canto qualquer. Fica me olhando com olhos tristes como perguntando: “Onde está minha mãe?”. E pede colo o tempo todo. E olha que não são tão filhotes assim mais, já têm dois anos, mas estavam muito ligados ainda como mãe e filhos. Sim, dias antes de morrer, ela limpava as orelhas dos dois. Minha conclusão é a seguinte. Os animais podem ser irracionais, mas têm sentimentos sim. Eu não ficaria mesmo com os que iam nascer, ia doar e já tinham donos. Eu não teria como cuidar de mais uns cinco. E se não for para cuidar bem, melhor não ter. E quando o tempo passar e morrerem os dois filhotes, não vou querer ter mais, porque a gente cria apego e doi ver o bichinho morrer.

segunda-feira, 8 de março de 2010

A VOCÊ, MULHER


( imagem google )
A você...
Que alguém um dia erroneamente chamou de sexo frágil.
Que sabe ser ao mesmo tempo delicada e ágil, doce e guerreira.
Valente e sensível. Que desvenda o incompreensível.
Você que nasceu Eva, mas, rebelde em si, não parou aí.
Viveu tantas outras... esteve na guerra de Helena, nas fogueiras de Joana D’arc
no enigma de Mona Lisa... foi Maria e foi Madalena.
.Você foi todas em uma. Foi uma em todas.
Ainda é mártir de todos os dias,mas tem tempo para o charme.
Você que demora a se vestir porque a beleza é que não pode esperar .
Você que faz compras demoradas... porque gosta de desfilar.
Sim, desfilar aos olhos do homem impaciente,insensível
que não percebe que todo esse aparato visual
é um presente para ele contemplar.

Você que tem curvas misteriosas,
que parecem perigosas...mas só pra quem não sabe andar

Você que eu chamo de meu amor,
de esposa e amiga,
de mãe e de filha,de amada e amante.
Você que foi ponte para Deus enviar o Seu filho... esse foi seu maior brilho.
Você que tem a capacidade divina de transformar a dor do parto em amor.
Sua maquiagem não fere sua imagem, não é máscara.
É só um retoque no seu encanto, que nem precisa de retoque... mas você é mulher
e quer sempre mais. Tem sido sempre assim não é mulher?

A você...
Entoem cânticos, prosas e versos.
Rendam-se cantadores e poetas do universo.
As cancelas e preconceitos não foram fáceis, mulher
mas,já dizia um poeta... tudo muito fácil não tem muita graça.
Só a sua graça!!!
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sábado, 6 de março de 2010

TRANSBORDANDO


(imagem caesarbusiness )
Não quero ser seu rei.
Posições dividem pessoas
e divisões nunca são boas.
Eu só quero somar um mais um
pra sermos dois em comum
Longe de mim ser seu Deus,
muita pretensão para um simples mortal.
Quero ser seu parceiro, quero ser igual.
Não pretendo ser seu ídolo.
Ídolos são frios e distantes,
quero ser presença e presente,
quero todo dia, quero constante.
O poeta é egocêntrico porque ama demais
e quer ver no outro, o espelho de si mesmo
refletindo um amor maior que os normais.
Amor de poeta é diferente,
transborda, transcende
extrapola, acende.
Mexe com os sentidos na forma mais justa
e por isso assusta.
Mas no fim, você é a estrela maior
desse amor exaltado.
Não quero ser o centro de tudo,
apenas seu namorado

sexta-feira, 5 de março de 2010

EU AMO CATHERINE DENEUVE


( IMAGEM ferdyonfilms google )
Esse texto poderia ter outros dois títulos: UM AMOR DE PROFESSORA. Ou. O DIA EM QUE QUASE TIREI 10.Quando tinha uns 15 anos, gostava de recortar jornais, até mesmo quando via algum caído na rua, que falasse principalmente de música, poesia, arte em geral, pegava, saía lendo ou punha no bolso e lia mais tarde. Certa vez vi no banco da praça uma folha inteira com rosto enorme de Catherine Deneuve e fotos menores dela, uma atriz francesa, linda, premiadíssima e que eu já era fã, por achá-la sensual. Assisti e assisto ainda muitos filmes românticos. Como “O céu pode esperar”, “Uma janela para o céu”, “Nunca te vi, sempre te amei”. Aí vão dizer: “Que cara velho!”. Não gente, adoro cinema atual. Sou só um pouco misturado. O poeta tem que ser, olhar pra todos os lados. O cinema não tinha toda essa plástica de hoje e os filmes quase todos eram românticos. Todo rapazinho já desejou uma grande atriz e eu não era diferente. No fim da tarde lembrei de algo. Tinha um trabalho para entregar e eu havia esquecido. E agora? O trabalho substituiria uma das provas. Também não me desesperei. “O que não tem remédio, remediado está. Tenho que estudar dobrado pra próxima prova”. A professora não ia adiar, já o tinha feito por duas vezes. Deixei pra lá. Apesar de a aula ser de manhã, estava eu, sem sono vendo tv, alta madrugada. Ia começar outro filme. Quando começou a passar os nomes, que vi Catherine Deneuve me empolguei. Corri, esquentei um leitinho e sentei no sofá vendo minha deusa em “A sereia do Mississipi”. De repente me lembrei da boa coincidência. Eu estava com um recorte de jornal no bolso falando só sobre ela. Abri, esperei o intervalo e era uma pequena biografia da vida da atriz, contando de sua carreira, filmes, prêmios, onde nasceu, com quem casara. Ainda pensei. “Quem é o felizardo que está beijando essa boca?”. Terminado o filme, dei um grito no corredor. “Obaaaaa! Meu trabalho está feito” . Alguém gritou num dos quartos de casa. “Para de gritar, menino. Tá doido? Vai dormir”. Tinha esquecido que era madrugada, mas é que fiquei tão feliz com a ideia que não me segurei. O tema do trabalho era livre. Eu tinha no bolso uma bela reportagem sobre Catherine, inclusive com fotos. Era só usar a imaginação e bolar um texto. E estava inebriado pelo filme o que me ajudaria muito. Escrevi, rasguei, escrevi de novo. Fiz um monte de lixo no chão. Até finalmente passar para as folhas definitivas. Total de quatro. Haja café. Terminei com o dia nascendo, galo cantando, sol saindo, quase dormindo na mesinha. Só que não tinha como fazer capa bonita. Só com as folhas ficaria feio. “Mas as meninas da escola têm tudo. Canetinha, pincel, etc. Chego mais cedo e vou pedindo”. Sempre as mulheres me socorrendo. Tomei banho rápido, minha mãe estranhou eu nem tomar café. Não podia perder tempo. Uma menina chamada Alba me ajudou. “Você não tem jeito, né Carlos? Mas eu tenho tudo aqui”. Sentada no meio fio, perguntou o título e fez a capa pra mim. ”DIVAS DO CINEMA- CATHERINE DENEUVE”. Na primeira chamada de sinal já entramos, tínhamos que ir à secretaria para furar as folhas. Os grampos pra prender, ela tinha, sempre tinha. A professora já entrou pegando os trabalhos. Olhou o meu e comentou. “Caprichado, hein Carlos? Você não era assim, está melhorando”. Eu respondia sempre na esportiva. “Que é isso ‘fessora. Não magoe meu pobre coração”. Riu. “Quero ver se tem conteúdo”. Respondi. “Ai dentro tem uma pérola ‘fessora”. Ainda pisquei pra Alba do outro lado como agradecimento. Quando a aula terminou, fui último a sair como sempre. A professora na porta. Fomos andando juntos pelo corredor. “Li seu trabalho todo no recreio. O título me chamou atenção e quis ler, porque gosto muito de filmes e especialmente da Catherine. Seu texto está ótimo. Juntou biografia, com poesia, romantismo, perfeito. Não sabia que você gostava da Catherine”. Respondi. “Fessora. Eu amo Catherine Deneuve”. Ela se impressionou com a forma com que falei. “Do jeito que você falou acho que até ela se renderia a você agora. Foi intenso como no texto”. Perguntei. Se fui tão bom assim, então mereço um 10, né?”. “Não”, ela disse. “Vou dar 9. Porque você exagerou na parte que falou da sensualidade dela. Tinha que ser mais moderado, você foi quase erótico. Parecia que tinha um garoto desejando uma atriz.”. Reclamei rindo. “E tinha mesmo. E eu não sei usar meios termos nesses assuntos .Tudo bem, 9 está bom. Valeu a noite de sono”. Ela fechou o diálogo. “Mas confesso que gostei da sua...”, pensou, pensou, “... cri-a-ti-vi-da-de”. Fiquei pensando, olhando-a se afastar. “Será que a ‘fessora está me dando bola?”. Era mais velha, talvez uns trinta anos, mas era bonita, tinha seu charme. Não era Catherine Deneuve, mas tinha a vantagem de ser palpável. Bota palpável nisso. No final do corredor, saindo no portão, ainda olhou pra trás. Só acordei quando um amigo, bateu no meu ombro. “Simbora, Carlos. Dormindo em pé?”. Depois não teve nada. Impressão de momento, eu acho.

quinta-feira, 4 de março de 2010

NAS ASAS DO AMOR


( imagem google )
O amor não tem cheiro nem cor
mas é mais visível que o arco-íris
e mais forte que hortelã que vem na brisa de manhã.
Salta aos olhos, sai pelos poros.
Muda formas de pensar.
Rompe medos, não tem segredos.
Está no jeito de andar.
Quem ama sonha, voa
ecoa por onde passa.
De tudo acha graça.
O amor é atrevido, inconseqüente, profundo
É aventura e é loucura, gira o mundo.
O amor é flor e beija-flor
sol e girassol, rio e mar
não dá pra separar.
É eclipse de sol e lua,
é beijo em pleno meio-dia, no meio da rua.
Tantos símbolos para o amor
e eu quero ser mais um entre tantos,
cada um com seu encanto...
maçã, hortelã, passarinho
primavera e poesia
e o sol que abre mais um dia.

quarta-feira, 3 de março de 2010

NAS ONDAS DO AMOR


( imagem marazul.freehostia.com
O sol volta.
A lua volta.
As ondas voltam,
sempre diferentes, mas voltam.
Às vezes, tão mansas
que beijam as pedras afagando.
Às vezes, revoltas.
Importante é não secar o oceano.
Assim é a vida
que nos dá nova chance
deixando ao nosso alcance... um novo dia
de luta e poesia
de realidade e devaneio.
Espertamente, uso as duas opções.
Entre o sim e o não,
eu prefiro o meio.
O amor também é como o sol,
como a lua, como a onda,
vem diferente, mas nos sonda.
A brisa que havia tocado meu coração, fraca e sem jeito
deu a volta no universo, ganhou forças
e voltou como um furacão no meu peito.
/

terça-feira, 2 de março de 2010

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE AS MULHERES


( imagem aquarela.poetica.com.br )
Nem se trata de uma homenagem só porque é a semana das mulheres. Todos sabem da minha consideração permanente para com nossas divas, embora às vezes elas nos levem aos divãs. São nada mais que algumas constatações ou considerações.

Mulher é chata: Chata por ter mais juízo que nós, homens? Por ficarem dizendo: “Pare de fumar”. “Beba menos”. “Há tempos você não vai ao médico”. “Por que não faz umas caminhadas?”. Chatas por que cuidam de nós? Tudo bem, às vezes pegam no pé. “Pare de falar de futebol”. Ora, elas só estão pedindo atenção. Também precisam disso.
Chata por que tem ciúmes? Eu nunca briguei, nem vou brigar com namorada minha só porque tem ciúmes de mim. Ao contrário, se ela me deixar de lado é que eu vou reclamar.
Chata por que arruma nosso cabelo, a gola da camisa? Ora, ela só nos quer bonitos. Quer mostrar pra amiga. “Esse é meu gato”.

Lugar de mulher é no tanque. Concordo. Nos tanques de guerra, desarmando-os. Será que se a mulher estivesse no comando político do mundo, não teríamos menos guerra? A mulher é mais ponderada, não gosta de brigas. É impossível durante toda a história não ter algum atrito entre nações, mas tenho certeza de que seria em número bem reduzido. E a mulher além disso, é mais honesta. Com certeza, a corrupção, esse dragão que engole o Brasil e o mundo, seria também bem menor. Dizer que o homem tem mais QI, não cola. Hitler, Bin Laden, Bush e outros ditadores e terroristas são e eram intelectuais. Acho que está na hora de governar o mundo mais com sensibilidade e não intelectualidade. Intelectualidade deu no que deu. Vejam a natureza cobrando a conta. Será que a mulher no comando político não seria mais cuidadosa com a natureza? Encerrando esse tópico, a mulher é mais preocupada com causas sociais.

Lugar de mulher é no fogão. Concordo mais ainda. Quando são nossas mães. Quem não adora a comidinha da mamãe quando criança? Até mesmo quando adulto. Dá uma saudade.

A mulher é perdição. É sim... e nós vamos babando atrás. Eu acho isso magnífico.

Mulher fala demais. Fala sim. E o homem não? Homem quando pega assunto de futebol vai longe. Só que elas têm os assuntos delas e nós temos os nossos. E tem muito homem fofoqueiro também.

A mulher na vida e no trabalho. A mulher sempre tem as posições e situações mais complicadas. Começando pela gravidez e por fim, o parto. Vão dizer: “Isso é da natureza”. Sim, mas não é fácil, é um fato.
A mulher menstrua todo mês, coisa dolorida, irritante. Também é da natureza de Deus. Será que o homem aguentaria tudo isso? Lembro ainda bem pequeno, minha mãe que foi criada à moda antiga, literalmente de fogão mesmo, sem muita voz ativa, mas não deixava de dizer. “Homem não aguenta nada. Uma dorzinha no pé e ele cai de cama”. Coincidentemente aconteceu comigo há uns dias. E desejei muito alguém pra me fazer uma massagem. Ah e eu morro de medo de injeção. Podem rir mais. Não mato barata. Eu espanto com algum lençol, papelão, mas não mato. Com spray ainda pode ser e quando vou varrer, varro com rosto virado. Não quero nenhum tipo de contato com aquele bicho asqueroso. Durmo no sofá se tiver alguma no quarto. E não sou menos homem por isso.
A mulher no trabalho quase sempre ocupa as piores funções. Todos nós sabemos as dificuldades que as professoras passam no Brasil. Sou de um tempo em que as professoras eram muito respeitadas, sempre tive grande vínculo com elas, até mesmo já bem rapaz. Era eu quem gritava nas salas. “Calem a boca, gente. Deixem a professora falar”. Algumas frases não esqueço. “Façam da escola sua segunda casa”. “Vocês jogam lixo no chão pra suas mães pegarem?”. E outras tantas.
A mulher está sempre varrendo, limpando, lavando, servindo cafezinho Não estou pondo a mulher como coitadinha, acho que isso até as torna mais fortes e também existem mulheres em funções muito importantes.
Toque feminino. Repararam que quando alguma mulher chega a um setor de trabalho, ela dá o toque de charme dela? Ela andando já é um charme. Algo mais gracioso que uma mulher sentando, cruzando as pernas? De repente ela põe uma florzinha na janela. A proteção de tela do computador é um coelhinho, uma joaninha. Um gatinho de pelúcia em cima da mesa. Sem dizer o perfume no ar, né?

A mulher na história. Até já falei disso. Nunca é demais repetir. Mesmo sem muito comando político, a mulher teve grande participação na história. Não se trata de dizer do que foi bom ou ruim, apenas retratando a força da mulher em grandes fatos. Eva. Dalila. Joana D’arc. Madalena. Ana Néri. Helena. Maria Bunita. Tem um monte, se for dizer todas, fica muito longo.

A mulher como namorada. Aí é melhor, né? Só que aí a opinião tem que ser própria, de cada um. Nada mais gostoso que amar e ser amado por uma mulher.

E pra encerrar. A mulher é o enfeite do mundo.

segunda-feira, 1 de março de 2010

UM CERTO JOGO DE FUTEBOL


( imagem futnegtal.files.wordpress.com )
Obrigado a todos pelos comentários sobre o luto. Vamos falar de coisas engraçadas
agora.
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Entramos na semana das mulheres e vou tentar fazer uma semana de exaltação a elas. O que não é fácil, acho que tudo ou quase tudo já foi falado, mas a gente tem uma palavrinha a mais. Mas não vai ter só homenagem não.Hoje mesmo vou contar um caso engraçado. Na 6ª, 7ª série, no fim da tarde, jogávamos bola no campinho. Algumas meninas gostavam de ficar vendo. Algumas até se arriscavam a brincar com a gente. A gente, claro, com mais força física, cuidávamos pra não machucá-las, mas levávamos cada chute na canela. É que algumas eram desajeitadas. Outras já levavam jeito, como Mirtes, por exemplo. Seria a nossa Marta antigamente, até lembrava ela um pouco fisicamente. Guerreira também. Num desses dias perguntei à Mirtes porque não faziam um timinho de futebol, como nós, que jogávamos contra outros bairros e até colégios. Ela gostou, mas não sabia como fazer. “Simples”, falei. “Reúna algumas amigas que jogam melhor e o time está pronto. Compram um bola, alías nem precisa, bola nós temos”. Ela acenou com dedo polegar. “Boa idéia, mas vou fazer diferente. Vou falar com a professora de educação física, fica mais organizado”. Dali uns dias durante nossa aula de educação física, nosso professor e a professora dela chegaram juntos falando do time feminino. A professora pediu a palavra, todos sentados na quadra e disse. “Precisamos da ajuda de vocês, para emprestar meiões, camisas, bolas, apito, ensinar um pouco de regras”. Eu sempre safadinho, fiz um gesto bem sem vergonha com as mãos. “Eu quero ser massagista”. Mirtes gritou lá do fundo. “Deixa de ser safado, Carlos”. Pronto.O time acabou sendo feito e o primeiro e único desafio, foi contra outro bairro, que era rival do nosso no futebol masculino. O jogo seria no campo adversário, mais bonito, mais gramadinho, tinha até rede. Enfim. Perdemos de 6x1. Mirtes, que fez nosso único gol, nervosa pela derrota, não gostou de uma marcação da juíza, foi pra cima dela e rolaram na grama. De repente quase todas brigavam. Os professores desesperados tentando separar. Separar briga de duas mulheres é difícil, imagina umas dez ou doze. Era puxão de cabelo pra lá, arranhão pra cá. Tênis, kichute voando. Bofetões. Mas não era só isso. Algumas sabiam dar soco. Eu, tentando separar, levei um soco na boca . Tinha mulher brigando até dentro do gol. E quando terminaram os confrontos físicos, tome xingamentos de lado a lado. “Piranha”. “Vadia”. “Sua vaca”. “Tomadeira de homem dos outros”. Fora os impublicáveis. Como pode isso? Todas na faixa de quinze, dezesseis anos, com todos esses xingamentos. Quando tudo realmente terminou, eu e uns colegas sentamos lá fora comentando o caso. Eu, tentando chupar um picolé já que meu lábio estava cortado, doendo bastante, ouvi meu amigo dizer. “É, Carlos. Você e suas idéias”. “Ah, cara eu ia imaginar
que ia dar nisso?”. Mirtes veio por trás, me deu um tapão nas costas. “Viu, Carlos? A gente pode não jogar bola, mas brigar a gente sabe”. Olhei pra ela toda descabelada, suja, rosto e braços arranhados e respondi mostrando. “Sabe mesmo. Me deu até um soco na boca. Você pode largar o futebol, lutar boxe, vale tudo”. Ela levou as mãos à cabeça. “Pôxa, Carlos. Desculpa, amiguinho. Não foi por mal. Era pra acertar na ladra da juíza”. Quando ela se levantava pra ir, fiz uma ‘ameaça’, brincando. “Isso não vai ficar assim”. E ela gozando. “Claro que não.Vai inchar”. Depois disso, quando ela estava em algum lugar, eu chegava dizendo pra alguém. “Cuidado com essa menina, ela bate na gente”. Ela respondia alto pra todos ouvirem. “Pôxa, Carlos. Assim você me atrapalha a arrumar “namorada””. Ela dizia isso porque muita gente falava que ela era sapatão e assim, sempre irreverente, não dava mesmo satisfações a ninguém e deixava que pensassem. “Filosofia da vaca, Carlos... ‘fazendo’ e andando”. Eu sei o que eu sou e o que não sou. E não tinha mesmo nada disso. Até se casou. Só não sei se teve filhos. Mirtes morreu muito nova, só 36 anos, com uma doença rara que dizem ter contraído no hospital onde trabalhava como enfermeira. Bem, naquele tempo, já existia mulher diferente