ESCREVER É DIVINO!

ESCREVER É DIVINO!
BONS TEMPOS EM QUE A GENTE PODIA VOAR. ERA MUITO BOM SER PASSARINHO.

CAMINHOS DE UM POETA

CAMINHOS DE UM POETA
Como é bom, rejuvenescedor e incentivador para o poeta, poder olhar para trás e ver toda a sua caminhada literária, lembrar das dificuldades, dos incentivos e da falta deles, da solidão de ser poeta e do diferencial que é ser poeta. Olhar para trás e ver tudo que semeou, ver uma estrada florida de poesias, e dizer: VALEU A PENA! O poeta vai vivendo, ponteando, oscilando, e nem se dá conta da bela estrada que escreveu. Talvez ele não tenha tempo porque o horizonte o chama, e o seu norte é... escrever... escrever... escrever. Olho hoje para trás... não foi fácil, mas também ninguém disse que seria. E eu sabia que não seria, ser poeta não é fácil, embora seja lindo. Contemplo a estrada que eu fiz, e digo com orgulho quase narcisista: Puxa... como é linda minha estrada!

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

AMIGO, TESOURO MAIOR!


És meu suporte, contigo sou mais forte.
Presente na festa e na dor
no conselho, na reprimenda
em oferenda te faço versos com amor.
Sossego para minha inquietude
aconchego na minha solicitude
abraças-me com calor
jóia de fino valor.
Enxugas minhas lágrimas
antecipa-te a elas,
não perrmites que molhem meu rosto.
Se caio em desgosto
por mim, tu zelas.
Acendes velas no meu caminho se me falta o sol.
Estás comigo na boemia, na escola, no futebol.
No início e no fim de cada luta.
Chão firme para meus pés.
Se estou sozinho, és tu quem me escutas
mesmo na angústia mais remota.
Não sei exato dizer o quão importante és,
mas muito mais que na áurea vitória
eis a tua maior glória, não buscas só os louros de momentos belos
és amparo na derrota
Amigos são tesouros.
Amigos são nossos elos.

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DESEJO FELIZ ANO NOVO PARA TODOS! 
AGRADEÇO A TODOS OS QUE ESTIVERAM COMIGO.  AOS QUE NÃO ESTIVERAM, PEÇO ORAÇÃO TAMBÉM.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

DORME, MENINO! ( VAMOS MENINAR? )



Dorme, menino!
Desliga o mundo.
Que o sonho de um tempo melhor
seja mais profundo que o próprio sono.
Que não sintas abandono
que jamais te sintas só.
Que exista papai Noel
que a ilusão seja doce,
mais doce que o mel.
Que o céu vire chão.
Que o chão vire céu.
Que não sejam necessários super-heróis
porque todos, um ao outro se ajudarão.
Que não sejam necessários muros, nem prisão.
Que as nuvens sejam de algodão, não de guerra
que o ar seja puro nessa terra.
Que o futuro seja um lugar seguro para se brincar
com riachos cristalinos para se banhar.
Dorme, menino!
Sonha reinos encantados
iluminados pela poesia
pela fantasia de quem sabe sonhar.
Que o mundo seja um grande berço,
sem perigos, sem medo,
apenas brinquedos a te cercar.
Dorme, menino!
Embalado por essa canção de ninar.
Dorme, menino ...
mas, sem medo de acordar.
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Uma das cenas que acho mais lindas é de criança dormindo. Mas esse poema não fiz exatamente vendo uma criança dormir, foi para mim mesmo. Sabe quando você faz um poema para ninar a si mesmo? Foi esse caso. Eu estava precisando me ninar e “meninar” um pouquinho... e eu dormi  lindos sonos, mas sonhei muito mais de olhos abertos... e saí “meninando” por aí. Em 2016 vamos todos meninar?
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( imagem mensagensdiarias.wordpress.com )

domingo, 27 de dezembro de 2015

UM “ROMEU E JULIETA” DIFERENTE





Esse texto é um de meus xodós.
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Dona Zelina era uma alegre professora de educação artística na 6ª série. Ela adorava pintura. Sua frase preferida era: “Vocês cansam minha beleza”. Eu gostava muito daquelas aulas coloridas, todo mundo falando ao mesmo tempo. Eu nunca soube desenhar direito. Meus desenhos eram basicamente, uma casinha com chaminé, um riacho, uma nuvenzinha rindo, um sol surgindo por trás dos montes e uma vaquinha pastando. A professora falava: “Você está sendo repetitivo. Tente criar outro tipo de desenho”. Um dia,de brincadeira, fiz o mesmo desenho, porém com duas vaquinhas. Ela disse: “Não estou vendo nada de diferente”. Retruquei: “Tem sim, agora existem duas vaquinhas, a fazenda está crescendo”. Ela riu: “Pelo menos no humor você foi criativo. Vou te dar um sete por isso”. 
 Na semana das crianças, foi organizada uma gincana cultural entre as salas, e teria apresentação de palhaços, teatrinhos, dança, coisas regionais, folclore etc. Nem éramos tão crianças, tínhamos entre treze e dezesseis anos. Eu, quatorze. Tinha um rapaz, que deve ter virado artista, pois na época era muito bom no que fazia. Ele faria teatro de bonecos, fantoches, marionetes, desses que se fica escondido manipulando e fazendo vozes. Nossa sala seria a última na sexta-feira e depois o encerramento. O rapaz escolheu ROMEU E JULIETA, mas teve um pequeno acidente e não poderia representar. Dona Zelina, endoidou: “E agora, gente? O que faço? Vai ser feio cancelar. Colocar o que no lugar?”. E assim, cada um ia dando sugestão, umas engraçadas, outras malucas, outras boas, mas nenhuma se aproximava da intenção da festa. Dona Zelina preocupada: “Nada disso serve. Tem que ser o teatrinho ou algo parecido, pois foi anunciado assim. Vocês não conhecem alguém que saiba fazer? Eu pago. Está tudo prontinho, o cenário, vai ser uma pena não ter”. E começou a andar pela sala, mãos nos quadris. Ela amava o que fazia. Senti certa tristeza em seu olhar e talvez isso me tenha feito dizer uma loucura, numa atitude impensada: “Eu sei quem faz”. Levantou a cabeça. “Quem? Apresenta para mim”.  “Eu”. Entre feliz e surpresa, perguntou: “Sabe mesmo, Carlos? Espero que não esteja zombando de mim”. Sei sim, fessora, é só decorar o texto, mudar as vozes. Só preciso treinar a manipulação. Sou bom de memória”. Ritinha, uma menina magrinha, disse: “Ele deve saber sim, fessora. Ele é poeta, né?”. Dona Zelina veio se aproximando devagar, olhando-me, apontando o dedo. “É verdade, tem a ver, arte é arte. Tem certeza mesmo, Carlos, que pode salvar a pele da professora mais querida e linda da escola?”. “Deixe comigo, fessora”, piscando para ela. A senhora é linda mesmo. De boniteza nessa escola, a senhora só perde pra mim”. Riso geral, com direito a algumas vaias. Sentada ao meu lado, falou: “Menino, você merece um beijo”. E estalou um beijão na minha bochecha. Adoro ganhar beijo na bochecha. Passei dois dias decorando, manipulando na frente do espelho, treinando vozes. Não vou negar que fiquei preocupado. Era coisa nova para mim, nunca tinha feito e era muita responsabilidade. A escola inteira estaria lá. Felizmente deu tudo certo. Meu teatrinho ficou legal. Só que mudei o final. O romance termina com drama. Pensei: “Dia das crianças terminar em drama? As pessoas vão estar ali para sorrir e não para chorar”. No meu texto, fiz o amor dos dois reconciliando as famílias. Antes perguntei à professora se podia alterar daquela forma. “Você pode tudo, menino. Com uma pequena observação. É um tipo de plágio, hein?”. Balancei o dedo. “Não, é um alternativa. É um direito de sonhar que as coisas vão terminar sempre bem. Quem sou eu para plagiar Shakespeare, um gênio, mas não gosto de Romeu e Julieta, porque morrem no final. Prefiro um “viveram felizes para sempre”. Custava as famílias fazerem as pazes e deixarem o casal namorar? Então o ódio venceu?”. Ela ponderou: “Mas foi esse toque de tragédia que fez a obra ficar tão famosa”. “Eu sei, tragédias vendem mais. A maior obra literária de todos os tempos é uma tragédia”. Ela riu, mas aconselhou: “Cuidado com esse mundo que você visualiza dentro de você. O desengano pode ser grande”. “Fique tranquila, eu manipulo esse mundo melhor do que fiz com as marionetes” Ela finalizou: “Não vou discutir com meu geniozinho poeta, o que importa é que ficou muito bom”.No ano seguinte, eu iria para o turno da noite. No fim do ano, quase saindo no portão, me chamaram. Olhei e era ela: “Vai embora assim, sem me dar um abraço?”. “Desculpe fessora, é que não gosto de despedidas”. Segurando meu rosto, fixando nos meus olhos, falou: “Desculpo não. Não tive a felicidade de ter um filho rapaz. Tenho três moças que amo. Mas se tivesse um filho rapaz e eu pudesse escolher, ele seria você. Pode ter certeza que você é sim, o mais lindo da escola”. Abaixei a cabeça, pois fico tímido nessas situações. Com muito custo consegui falar: “Mas a senhora também é pessoa boa”. “Sou nada, sou uma velha chata. Ser bom não é para qualquer um. Ser bom é muito difícil. Seja sempre esse rapaz reto, conciliador, culto, interessado pelas pessoas que você vai ser muito feliz. Levantou meu queixo pedindo: “Dá um sorriso pra mim”. Tentei... mas não consegui. Abraçamo-nos demoradamente. Sua última frase antes de eu sair, foi: “Você não precisa aprender a desenhar, você já é uma pintura, Deus te abençoe sempre.”
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( imagem google ) 

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

O AMOR TRANSCENDE TEMPO, LUGAR E RAZÃO...


Como toda menina ela também gostava de bonecas. Como toda menina, ela gostava de sandalinhas novas, de pentear os cabelos, de brincar de roda, de passear, de comer chocolate, enfim, era uma menina quase normal. Porém havia uma diferença; sonhava muito mais do que na frente do espelho, ela gostava de ir para dentro do espelho, para além dele, e então criou um mundo mágico só para si que resolveu chamar de Terra do Sempre, pois acreditava que em algum lugar todos os sonhos bons eram possíveis, um lugar de gente generosa e feliz. E ela tinha uma parceira, só que não era uma parceira de sua idade, era a própria mãe quem entendia suas inquietações. Ah, quantos questionamentos! A mãe paciente ouvia: “Mãe, por que Pinocchio faz o velho Gepetto sofrer tanto?”... “Por que Peter Pan é tão sonhador e só vive na Terra do Nunca?”... “Que injustiça é essa, a Princesa adormecer cem anos para encontrar o grande amor?”. “Por que as famílias de Romeu e Julieta não fizeram as pazes deixando que eles vivessem juntos? Foi necessário o ódio vencer para uma obra ficar tão famosa?”... “Por que motivo alguém podia o tempo todo querer cortar o pé de laranja lima do Zezé? E por que o Portuga morreu?”... “Eu queria um dia, mamãe, poder mudar todos os finais dessas histórias”. A mãe respondeu olhando-a nos olhos. “Um dia vai chegar alguém, tão inquieto quanto você e que vai mudar tudo isso para você. Nesse mundo tão grande tenho certeza de que em algum lugar existe alguém que pensa como você. Com o passar do tempo a mãe se foi, como é natural, mas a menina não deixou de sonhar, embora já em corpo adulto. Certa vez, nas esquinas da vida deu um encontrão com um rapaz, jogando no chão um monte de escritos que ele carregava, e depois de ajudá-lo a apanhar tudo, pediu desculpas, e daí houve uma empatia tão grande que após se falarem alguns minutos, ela disse: “Não sei por que, mas sinto que já lhe conheço... de algum lugar... de algum tempo... de uma outra esfera”. Ele: “Engraçado, tive a mesma impressão. Parece que lhe conheço há séculos, senti um elo, uma energia desde nossa trombada rs rs”. Ela sorriu tímida. “Bem, eu sou uma sonhadora, e acredito nessas coisas, nada a ver com religião, entende? Mas creio em dimensões, eras passadas, esferas diferentes, mundos distintos, mágicos, alternativos. Como é seu nome? O meu é Jana”. Ele respondeu: “Ora, ora. Será que conheci hoje alguém que pensa como eu? Eu não só acredito em tudo que você falou, como eu vivo em tudo que você falou, não gosto muito do mundo real. Meu nome é Liam”. E ela: “Você tem nome de príncipe. Não é uma grande coincidência?”. Ele sorriu. “E você tem nome de fada”. Com jeito, ela disse. “Nunca reparei, mas que bom que viu assim”. Ele lamentou. “Preciso ir agora... podemos nos ver amanhã? Aqui mesmo, mesma hora? Quero saber mais desse seu mundo mágico que falou há pouco, acho que temos ideias a trocar”. Ela gostou e apontou para a praça. “Mesma hora naquele banco”. E saiu pulando mais do que Alice no País das Maravilhas. No dia seguinte, ninguém chegou primeiro ou atrasado, chegaram juntos. Um “olá”, um beijinho no rosto, sentaram-se e começaram a se apresentar melhor para o outro. Estavam ali sentados num banco real, numa praça real de uma cidade real, mas suas mentes e palavras estavam num outro mundo, cada vez mais maravilhados com as descobertas recíprocas. Só falaram de contos de fadas, de fantasias, de esperança, de sintonia, ela citou todas as inquietações de quando era criança, do seu desejo de mudar as histórias tristes, e foi então que veio a surpresa maior, quando ele interrompeu. “Lembra daqueles papéis que você derrubou ontem? Eram escritos meus, eu escrevo coisas”. Ela. “Você é escritor?”. Ele respondeu quase triste: “Escritor? Não sei. Acho que sou um fabricador de sonhos. Um alquimista das palavras que fica tentando mudar o que não tem jeito... isso dói um pouco, mas eu não sei viver diferente. Há quantos anos escrevo tudo isso e nunca encontrei alguém que pensasse como eu. Pelo menos agora chegou você, o que me dá um alento, pois vejo que nada foi inútil, hoje sei que após todos esses anos encontrei uma empatia com o que penso e sonho”. Ela se emocionou. “Meu Deus, como é lindo isso que você disse! Deixa eu levar seus escritos para casa? Gostaria de ler”. Emocionado também, ele disse. “Claro que pode! Agora preciso ir. Amanhã aqui mesmo na mesma hora?”. “Sim!”, disse ela convicta. Já de bem de noite depois de terminar todos os afazeres de casa, finalmente, foi ler os escritos do rapaz. Nos textos, Pinocchio parou de aprontar, virou bom menino e cuidou da velhice de Gepeetto. As famílias de Romeu e Julieta fizeram as pazes e eles foram felizes para sempre. Ninguém conseguiu cortar o pé de laranja lima do Zezé e o Portuga não morreu. O mundo de Peter Pan finalmente virou Terra do Sempre. Não aguentou muito tempo sem chorar, pois lembrou-se do que dissera sua mãe no passado longínquo. Foi até a janela, mirou uma estrela afastada das demais, e disse. “Mãe, a senhora como sempre acerta tudo. A pessoa que a senhora disse apareceu para mudar as coisas, para me dar as respostas. A senhora disse com a sua certeza que alguém em algum lugar pensava como eu. A senhora sabia, não é?”. A estrela de repente emitiu um brilho maior como se estivesse piscando para ela, dizendo “SIM, EU SABIA!”. Naquela noite ela não dormiu, fez questão de não dormir, estava encantada demais... apaixonada? Hum, talvez, só o tempo iria dizer. No outro dia na praça, um abraço diferente, mais apertado, mais demorado. De mãos dadas, sentaram-se e ela já foi dizendo. “Obrigada por me mostrar tudo isso, por me proporcionar o mundo que eu sabia que existia, que havia dentro de mim e eu não tinha com quem compartilhar. Hoje eu sei, a gente já se conhecia sim. Eu no meu lugar, você no seu, mas as almas se comunicam sem os corpos saberem, nós sempre estivemos juntos. A gente já se amava e não sabia. Tínhamos e temos um amor pelo outro... um amor diferente... que transcende qualquer razão. Ora, e o que é a razão? Onde está a razão? A razão está naquilo que nos faz felizes. E você me faz feliz, eu faço você feliz”. De voz embargada, ele só conseguiu dizer. “Você além de tudo adivinha minhas palavras. Obrigado também por completar a outra metade do meu mundo”. E beijaram-se longamente, deram-se fisicamente um beijo que já se davam há muitos anos, muito tempo antes de seus olhos se cruzarem, pois suas almas já cuidavam disso. E foram felizes para sempre... na TERRA DO SEMPRE!
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imagem amordalves1258.wordpress.com)

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

EIS SUA TÁBUA DE SALVAÇÃO, SUA ÚLTIMA CHANCE!




Quando se está afogando a gente se agarra à qualquer tábua para salvação, a gente não olha se ela está pequena, podre, rachada, tudo que se quer é se agarrar nela. Lei da sobrevivência. Certa vez passei um sufoco, o barco em que eu estava arrancou inesperadamente e muito rápido, me desequilibrei e caí na lagoa.  Foram só alguns segundos, mas intermináveis, até que dois rapazes me puxaram pelos braços, mas antes disso eu me agarrei desesperadamente numa tábua velha que boiava ali perto, assim ganhei alguns segundos até ser puxado. Graças a Deus! Isso estragou meu domingo, por pouco eu teria morrido, fiquei pensativo, encostado no fundo do barco que não era alto, então pude ficar olhando a tábua de salvação se afastar lentamente nas águas mansas da lagoa que quase me engoliu. Incrível como eu lutei nas águas para sobreviver, foi tão horrível que eu até chorei um pouquinho, isolado no fundo do barco. Depois, em terra firme, nem quis saber de mais nada, fui dormir debaixo de uma árvore até  meus amigos me chamarem no fim do dia para irmos embora.

O fato é real, mas serve muito bem como simbologia para a vida comum, portanto, você aí que está desesperada, agarrada à sua tábua de salvação, valorize-a, trate-a com respeito, é sua última chance para não se afogar nas águas da velhice da vida. Conserve sua tábua de salvação, mesmo que não a ame, mesmo que seja rachada, podre, pequena, pois o fundo do lago é impiedoso. Faça por merecer sua tábua de salvação... lembre-se... é sua última chance, você está desesperada e o lago quer lhe engolir.
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( imagem diariodebiologia.com - google )